JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois conjuntos europeus apresentam-se hoje à noite em São Paulo. No teatro Cultura Artística, com récita também amanhã, a Cappella della Pietà de Turchini, grupo especializado no repertório barroco de Nápoles. E, só hoje no Teatro Municipal, a Orquestra de Câmara da União Européia, em concerto beneficente do Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral).
A Cappella é um grupo recente entre aqueles que se especializam, na Europa, em instrumentos originais e afinação de época. Foi criado em 1987 pelo musicólogo Antonio Florio, que é também seu diretor artístico e regente titular.
Tem o mérito de expor à luz do dia compositores que permaneciam esquecidos, como Nola, Trabaci ou Caresana, vitimados pelo expansionismo, a partir do século 18 dentro da Itália, da música romana, veneziana ou milanesa.
O espetáculo que apresentam é uma colagem de peças compostas a partir do século 16 e reunidas numa "Festa Napolitana", em duas partes e cinco quadros. É uma música bonita, com oscilações entre o melancólico e o feérico, que a crítica e os prêmios têm reconhecido amplamente.
Mas vejamos a Orquestra de Câmara da União Européia. É um conjunto de instrumentistas de origem plurinacional, de invejável padrão e que já gravou 18 CDs.
O projeto nem sempre explícito que eles desenvolvem é o da criação de uma identidade artística que se sobreponha às diferentes escolas de interpretação -a germânica, a francesa, a britânica. Não é simples ou fácil, porque implica no risco de uma sonoridade pasteurizada que a orquestra, justamente, não tem.
Ela será regida pelo maestro alemão Gernot Sussmuth e terá como solista a violoncelista inglesa Natalie Clein.