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ARTES PLÁSTICAS
Artista radicado em Minas ganha exposição em SP e livro
Renato expõe a alma da matéria
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A materialidade de veios, rasgos, traços, cores e restos explode
em nove obras sobre madeira de
Celso Renato que estão reunidas
em pequena mostra no Espaço
Cultural Vivo, em São Paulo. Servem como uma boa introdução à
poética desse artista bastante valorizado em Minas Gerais, mas
pouco conhecido fora do Estado.
Mais profunda é a abordagem
presente em "Celso Renato", livro
de Olívio Tavares de Araújo (Cosacnaify, R$ 65, 256 págs.). Nele,
ganha destaque a série de Renato
(1919-1992) desenvolvida tardiamente, a partir de 1965, de pinturas-assemblages que utilizam madeiras descartadas como plano.
A gênese desses trabalhos teve
origem curiosa. "Vera, minha prima, estava construindo um casarão na Pampulha. (...) Havia uma
carpintaria. (...) Sempre tive fascinação por madeira. (...) Um dia,
pus uma madeira em pé e disse:
"Mas isso aí já é uma beleza".
Quando soube que tudo aquilo
era pra queimar, jogar fora, levei
algumas para casa, lavei, pintei,
interferi em cima", conta o artista
no livro. "Um dia o Amilcar [de
Castro, 1920-2002] entra e diz:
"Mas isso aqui é muito interessante." "Ô, Amilcar, dá pra gente mostrar isso?" "Claro, rapaz. É a melhor coisa que você tem aqui.'"
Mas o acaso não explica totalmente a trajetória de Renato. Seu
pai, Renato de Lima, se revezava
entre uma delegacia e seu ateliê,
expondo suas telas desde 1934. O
avô, Augusto de Lima, ex-governador, era poeta. Entre 1934 e
1940, Renato passava temporadas
na casa do escritor Aníbal Machado (1894-1964), no Rio, onde parte da intelectualidade da capital se
reunia. Em BH, flertou com a jovem Lygia Lins, que mais tarde se
consagraria como artista plástica
como Lygia Clark (1920-1988).
Em 1961, Renato, formado em
direito, começa a pintar. De vertente abstrata, vai encontrar as
madeiras em 1965. Naquele ano,
participara da 8ª Bienal de São
Paulo com três telas abstratas. Seria convidado para outras três.
No Espaço Vivo, o público pode
se dar conta da singular síntese da
obra de Renato, um amálgama
entre a organicidade material e o
racionalismo construtivo -esse
sem opções dogmáticas, contudo.
Celso Renato
Quando: de seg. à sex., das 9h às 20h
(dia 30, até 13h). Até 6/3
Onde: Espaço Cultural Vivo (av. Dr.
Chucri Zaidan, 860)
Quanto: entrada franca
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