São Paulo, sábado, 29 de maio de 2004

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VISUAIS

Livro sobre a artista é lançado

Obra de Amelia Toledo é revista em "Aventura"

Divulgação
"Mundo de Espelho", que está em livro sobre Amelia Toledo


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Em mais de 50 anos de carreira, a artista plástica Amelia Toledo, 77, foi do plástico à pedra, dos metais ao flerte com a arte digital. Amelia tem cumprido um percurso peculiar na arte brasileira, que foi cuidadosamente documentado no livro "Amelia Toledo - As Naturezas do Artifício", com textos do crítico Agnaldo Farias.
A obra, que sai pela W11 Editores, foi planejada há mais de dez anos pela artista, em parceria com seu filho, Mo Toledo, e Paulo Humberto de Almeida. A transformação dos planos em papel se deu há cinco anos, quando Farias travou contato mais fortemente com os trabalhos da artista, a partir da mostra "Entre, a Obra Está Aberta", no Sesi.
Ao lançamento do livro, une-se a exposição "Arte Aventura", que começa hoje na galeria Nara Roesler, com reedições de algumas de suas peças-chave, como "Medusa" (69), "Glu Glu" (68), "OM" (82) e "Mundo de Espelho" (66), além de obras recentes em pintura, escultura e plotagens, novas meninas dos olhos da artista, produzidas a partir de fotografias ampliadas das pedras.
"São módulos de um sistema de imagens muito simples, que podem se articular; é uma espécie de jogo", conta a artista.
As reedições de suas instigantes obras dos anos 60 e 70 (freqüentemente copiadas e vendidas por lojas de design, como os "Discos Tácteis", de 70, que não estão na mostra, e "OM") justapostas a realizações recentes dão luz à trajetória "diversa, sempre tão densa, e até há bem pouco tempo esbarrando" na incompreensão de seus colegas, segundo Farias.
"Ele se deixou surpreender, algo raro na crítica, que geralmente é "troppo mentale'", diz Amelia sobre o crítico. A fuga do excesso de racionalidade foi também seu literal "caminho das pedras".
"Sempre fui muito antilógica, mas no fim dos anos 70 isso começou a ficar mais claro. Depois de 20 anos fazendo jóias, aprendi a fazer o mínimo, só para a pedra se manifestar", conta. "O racionalismo domina o homem, despreza toda a outra metade do cérebro." A guinada em direção definitiva às pedras coincidiu com as últimas obras de mensagens claramente políticas de Amelia. "Cansei de falar para as paredes", conta, bem-humorada. Mas, por via das dúvidas, as paredes ganharam da artista orelhas em resina, expostas na Nara Roesler.
As pedras são também o principal material de suas obras em espaços públicos, como o "Palácio de Cristal", no Rio, os "Parques das Cores do Escuro", na Vila Maria e no Ibirapuera, em São Paulo. Quanto aos danos que as obras sofrem pelo vandalismo e por estarem ao ar livre, ela, tranqüila, diz que "faz parte".

AMELIA TOLEDO - AS NATUREZAS DO ARTIFÍCIO. De: Agnaldo Farias. Editora: W11. Quanto: R$ 121 (322 págs.).

ARTE AVENTURA. Quando: abertura hoje, das 11h às 15h. De seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h. Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, Jardim Europa, tel. 3063-2344). Quanto: entrada franca. Preço das obras: de R$ 1.550 a R$ 74 mil.



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