São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição do artista multimídia ocupa os dois andares da galeria Valu Oria com fotos, vídeos e poemas

Acaso e solidão se deparam em mostra de Tadeu Jungle

Divulgação
"Espero Espero" (1997), obra de Tadeu Jungle que está em "O Espetáculo da Solidão", parte da exposição que o artista inaugura hoje, em SP


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Olhando para o chão, Tadeu Jungle descobriu muitas coisas. Não que tivessem de ser descobertas -elas sempre estiveram lá, à procura, quem sabe, de um olhar. Dos grafismos das faixas de trânsito sobre o asfalto aos animais mortos e esmagados sobre o mesmo "suporte", dos canudinhos sobre a areia carioca a manchas, que, para o artista, viram planetas ou um rastro de Jackson Pollock, Jungle fez do acaso matéria-prima para suas obras.
"É a procura do extraordinário dentro do ordinário", avalia o artista, 48, sobre a mostra "Chão", que toma o térreo da galeria Valu Oria. No mesmo ambiente, ele exibe dois vídeos: "São Paulo Rock'n'Roll" e "São Paulo Hip Hop", ambos a partir de pequenas imagens de vistas aéreas da av. 23 de Maio que se multiplicam. No caso de "Hip Hop", apenas uma imagem se reproduz centenas de vezes na tela, no caleidoscópio digital de Tadeu Jungle.
Além de olhar para o chão, o artista resolveu olhar para si mesmo, contemplando não apenas 20 anos de produção como também o enfrentamento dos sentimentos. Para marcar a passagem do "Chão", no térreo, ao "Espetáculo da Solidão" no primeiro andar, a escada abriga um letreiro que exibe seu poema "Pior é aprender a viver".
Na parte superior, o espectador é convidado a entrar, acompanhado de uma lanterna, numa sala escura que exibe, à mirada das luzes, mais fotos e poemas visuais, todos agrupados em uma única parede. "Há uma mistura de muitas coisas de séries diferentes", explica o artista, que juntou desde trabalhos produzidos em 1984, como o poema "Vago Vago", até obras mais recentes, como o tríptico formado pelas fotografias "Questão de Dinheiro", "Questão de Espaço" e "Questão de Tempo" (2004) ou fragmentos da série "Legendas" (2000), em que descontextualiza pedaços de legendas filmes. "É como reler coisas perdidas", diz.
Para a curadora da mostra, Kátia Canton, "com ou sem lanternas na mão, estamos todos mergulhados nesse espetáculo espiralado da solidão".

TADEU JUNGLE. Exposição de 37 fotos, quatro vídeos e três poemas visuais. Onde: galeria Valu Oria (al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.403, tel. 3083-0811). Quando: hoje, às 21h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 14h; até 21/ 8. Quanto: entrada franca.


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