São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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Nacionais ganham espaço em 2009

Especialistas prevêem que cinema brasileiro, que teve 10% das exibições em 2008, aumente participação para até 15%

Ano que começa tem filmes com potencial de público, como "Se Eu Fosse Você 2", "O Menino da Porteira" e "A Mulher Invisível"


Alexandre Baxter/Divulgação
Daniel em cena do filme 'O Menino da Porteira'

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Depois de exibir, nos últimos três anos, números que equivalem à metade dos obtidos em 2003 (quando chegou a 21,4%), a ocupação do mercado doméstico por produções do cinema nacional deve ir de 10% em 2008 para 12% a 15% em 2009.
A estimativa é de profissionais do setor para os quais a próxima safra nacional terá "maior capacidade de comunicação com o público" do que a do ano que se encerra, quando um único longa, "Meu Nome Não É Johnny", ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores (e fez R$ 2,075 milhões).
Se esse crescimento for registrado, contribuirá para a aguardada expansão do público de cinema no país. Apesar de o aumento de 3,6% no número de salas em 2008 (agora, são 2.300), o número total de ingressos vendidos no país se manteve nos dois últimos anos em torno de 89 milhões.
Como o consumo da produção estrangeira permanece estacionado em cerca de 80 milhões de ingressos nos últimos sete anos (com exceção de 2004, quando chegou a 100 milhões), cabe à produção nacional fazer o mercado crescer. O recorde de ocupação é de 1982, quando o filme brasileiro teve 36% do mercado (que chegou a totalizar cerca de 128 milhões de espectadores).
"A safra de 2008 não atingiu o patamar de comunicação desejado porque não houve uma comédia na abertura do ano e os filmes de Xuxa e Renato Aragão não tiveram seu desempenho tradicional", analisa Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema).
Rangel destaca, no entanto, um aspecto positivo: 16 longas nacionais fizeram mais de 100 mil espectadores em 2008. "Precisamos de mais filmes na faixa de 300 mil a 600 mil espectadores. O mercado ainda tem dificuldade para trabalhar com a segmentação de público. Faltam distribuidoras capazes de lidar com filmes nessa faixa", diz Manoel Rangel.
Com os estimados 12% a 15% de 2009, "começaremos uma curva de superação do patamar de 10% e prepararemos um ano ainda melhor em 2010", diz Rangel. Apenas o recém-criado Fundo Setorial do Audiovisual, segundo ele, investirá cerca de R$ 60 milhões em produção e distribuição de cinema ao longo do próximo ano.
"Já começaremos com "Se Eu Fosse Você 2" e "O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes". Depois, vêm mais filmes com potencial: "O Menino da Porteira", "A Mulher Invisível", "Salve Geral!". Outros podem surpreender: "Verônica", "Família Vende Tudo", "Tempos de Paz", "Jean Charles"."

Temporada
A próxima safra se diferencia da temporada que termina porque há mais filmes "com gênero e público-alvo bem definidos", observa Paulo Sérgio Almeida, diretor da Filme B, empresa que monitora o mercado cinematográfico. "Basta examinar o ranking dos filmes estrangeiros de maior bilheteria em 2008 para encontrar títulos voltados a todas idades e gêneros. O cinema brasileiro precisa buscar essa diversidade."
O exibidor Adhemar Oliveira, que tem participação em 70 salas espalhadas pelo país (nos circuitos Espaço Unibanco e Unibanco Arteplex) e se especializou em lançar títulos brasileiros, considera que "faltam filmes de divertimento, sem defender tese". "Mas o ano começa com a continuação de um sucesso e está no compasso de ser um pouco melhor."


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