São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2011

Índice | Comunicar Erros CRÍTICA JAZZ Archie Shepp deixa som incendiário de lado, mas empolga público em show AlessandroShinoda/Folhapress O saxofonista Archie Shepp se apresenta no Sesc Pompeia FABRICIO VIEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Archie Shepp não é mais a figura iconoclasta que protagonizou o "boom" do free jazz nos anos 1960. Substituiu a fúria pela elegância. Quem foi ao Sesc Pompeia na noite de sábado à procura de um som áspero e explosivo talvez tenha se decepcionado. Mas a sóbria contenção que passou a marcar o sopro de Shepp não representa a perda de sua identidade sonora. O saxofonista americano, que acabou de completar 74 anos, assumiu uma postura mais conciliadora com a tradição, especialmente com o blues. E encontrou uma nova forma de expressão, bela e ainda intensa. O que talvez não agrade de todo é vê-lo cantarolando demais seus temas bluesy. Independentemente da atual face de sua música, o que se deseja, de fato, é ver o músico embocando o sax. Há temas, como a já clássica "Revolution/Mama Rose", que realmente demandam sua voz, seus versos. Esse, aliás, foi o ápice da apresentação e a única vez em que Shepp trocou o sax tenor por um arisco soprano. A força instrumental de "Hope Two" e a leveza dançante de "Trippin'" compuseram alguns dos momentos contagiantes da noite. Não faltou nem uma rápida visita ao mundo dos standards, com uma feliz densa releitura de "Round Midnight" no final do show. O trio que o acompanha, formado por músicos pouco conhecidos, articula a base ideal para o espetáculo do saxofonista. O percurso de Shepp se revela inverso ao de um de seus mentores, John Coltrane (1926-1967), que partiu de um jazz mais organizado para uma incendiária liberdade sonora. Shepp diz que se afastou do free jazz rumo ao blues como forma de atrair e dialogar com o público que o interessava. Pela empolgação que se viu na noite de sábado, parece que a escolha foi acertada. ARCHIE SHEPP AVALIAÇÃO bom Índice | Comunicar Erros

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