São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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Crítica/cinema/"A Pedra Mágica"

Rodriguez perde vibração em filme infantil

Divulgação
Jimmy Bennett em "A Pedra Mágica", de Robert Rodriguez

EDUARDO VALENTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Robert Rodriguez é um cineasta único, capaz de ter alguns de seus filmes exibidos em grandes festivais de cinema ("Sin City" passou em Cannes; "Planeta Terror", em Veneza) e ao mesmo tempo realizar projetos não apenas totalmente comerciais quanto voltados para o público infantil, como é o caso deste "A Pedra Mágica".
Famoso por fazer o primeiro filme, "El Mariachi" (1992), com meros US$ 7 mil, vê-lo estourar em Sundance e seguir para uma carreira em Hollywood, Rodriguez guardou consigo a capacidade de fazer filmes a custos baixos, mesmo na grande indústria.
Para manter a independência, o cineasta criou seu próprio pequeno estúdio de cinema e de efeitos especiais, o Troublemaker, na cidade natal de Austin, no Texas.
Assim, ele consegue manter um sentimento de "feito em casa" mesmo em suas produções comerciais, algo que ele radicaliza neste novo longa.
A produção conta a história de um garoto que encontra uma pedra que lhe permite realizar qualquer desejo e, a partir daí, mete sua família e vizinhos em uma série de confusões.
A narrativa foi criada a partir de uma ideia original do filho adolescente de Rodriguez (também ator no filme, assim como uma outra filha e duas irmãs do diretor). Como se isso fosse pouco, ele ainda escolheu a sua própria casa e o quintal desta como locação do filme. Até por toda essa proximidade, os filmes de Rodriguez são marcados por um inegável prazer em "brincar de fazer cinema", o que não é diferente neste "A Pedra Mágica".

Amigo de Tarantino
O título faz citações a filmes queridos, como "Os Caça-Fantasmas", e adapta para o público infanto-juvenil a estrutura reordenada tão cara ao seu amigo Quentin Tarantino (e, de quebra, ainda ironiza alguns clichês de filmes-série como "Harry Potter" e "O Senhor dos Anéis") Com tudo isso, no entanto, "A Pedra Mágica" não é dos melhores momentos do diretor, em grande parte porque seu roteiro não dá conta do desejo do filme se comunicar diretamente com uma juventude criada com outros parâmetros audiovisuais (videogames, múltiplas interfaces etc.).
Ao mesmo tempo, Rodriguez não consegue discutir como o cotidiano das pessoas foi afetado pelas novas tecnologias, por exemplo.
É verdade que algumas pequenas piadas e efeitos visuais são capazes de criar momentos isolados de diversão, mas a falta de dedicação em criar personagens verdadeiramente interessantes torna a viagem um tanto maçante. E isso é uma característica mortal para o sempre vibrante cinema de Robert Rodriguez, que aqui parece ter sido mais divertido para quem fez do que para quem vê.


A PEDRA MÁGICA
Direção: Robert Rodriguez
Produção: EUA/Emirados Árabes Unidos, 2009
Com: Jimmy Bennett, Kat Dennings, Trevor Gagnon
Onde: no Espaço Unibanco Pompeia 4, Metrô Santa Cruz 6 e circuito
Classificação: livre
Avaliação: ruim



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