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CINEMA
Ficção futurista de 1975 ganha nova versão de John McTiernan, também diretor de "Duro de Matar" e "O Predador'
Refilmagem de "Rollerball" peca até na ação
Divulgação
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Cena de "Rollerball', longa de ação em que esportes radicais são a principal diversão no futuro |
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Num futuro não muito distante, países quase não existem mais como Estados, e o mundo é controlado por grandes empresas transnacionais. Uma droga
em forma de pílula é democraticamente consumida para manter
o humor em alta, e esportes radicais se tornaram a forma mais difundida de diversão popular.
Não, não se trata de um documentário sobre os efeitos da globalização, mas do enredo da ficção futurista "Rollerball", feita em
1975, que misturava, com razoável sucesso, filme de ação e reflexão política na mesma linha distópica de "Laranja Mecânica". Na
sua época e ao seu modo, "Rollerball" encenava a violência justamente para colocar a sede de sangue das platéias em discussão.
Já sua refilmagem, que entrou
em cartaz na última sexta, desiste
de qualquer significado para mergulhar exclusivamente no registro
da ação. O público-alvo parece ser
o perfeito idiota adolescente americano, daqueles que torcem para
o país atacar o Iraque o quanto
antes e que nas horas de tédio costuma ir armado à escola e brincar
de tiro ao alvo com os colegas.
O jogo aqui não mais opõe cidades-potências (como Chicago e
Tóquio no "Rollerball" original).
Os times de agora foram globalizados, as disputas têm por sede algum buraco do Cazaquistão e o
vilão capitalista metamorfoseou-se em um mafioso russo (Jean Reno, coitado!). Nenhum estranhamento é mais associado ao jogo, e
os jogadores só se rebelam quando o empresário-vilão descobre
que, se houver uma dose a mais
de sangue, a audiência dispara.
Contudo o problema maior
desse novo "Rollerball" nem é a
perda de "conteúdo". O que irrita
é que nem um maldito bom filme
de ação o competente diretor
John McTiernan (dos acima da
média "Duro de Matar" e "O Predador") conseguiu fazer.
Sabe-se lá por que, os produtores de Hollywood cismaram que
filme de ação para o público jovem deve tentar copiar situações,
cenários e ritmos de videogames.
Nada de mal, não fosse o fato de
esquecerem que o segredo da diversão dos games está na ação interativa. De que adianta inventar
câmeras mirabolantes, entupir de
efeitos, carregar pesado na trilha
de nu metal com direito até a aparição rápida do Slipknot se o espectador vai continuar sentado,
passivo, só olhando para a tela?
Como ficou, esse "Rollerball"
não serve para cérebros movidos
à serotonina nem para os que só
funcionam com adrenalina.
Rollerball
Rollerball
Produção: Alemanha, 2002
Direção: John McTiernan
Com: Chris Klein, Jean Reno e LL Cool J
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