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São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Invenções e melhorias vão do fósforo de segurança a um aspirador de pó que trabalha por conta própria

Exposição traz design "útil" dos suecos

Divulgação
Chave de fenda ajustável, uma das inovações suecas, apesar do nome "chave inglesa"


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Talvez não pareça, mas ele está por toda parte. Das embalagens de leite e suco ao zíper, do marcapasso aos chamados "fósforos de segurança", o design sueco assumiu um papel de bastante relevo no último século.
Para mostrar o alcance do desenho industrial desse país escandinavo, o Museu da Casa Brasileira inaugura hoje a exposição "Melhorando a Vida - O Design das Inovações Suecas".
Com 55 peças, a mostra se concentra nas criações e recriações mais recentes. "Nem tudo aqui é invenção dos suecos. Há muitas inovações, aprimoramentos a partir de produtos que já existiam", explica Gabriela del Valle López, curadora da exposição, argentina que vive na Suécia desde 1994 e que integra a Svensk Form, sociedade sueca de artesanato e design que organizou a mostra, a partir do livro "Inovações Suecas", de Kjell Sedig.
"Queremos mostrar que essas inovações são feitas a partir de e para o cotidiano", complementa a curadora. De um prato para bebês, com bordas e colheres que facilitam o manuseio para a criança, a uma máquina de massagem cardíaca, em tons pastéis, para "suavizar o momento de estresse e medo", os objetos traduzem pequenas preocupações diárias e, em alguns casos, reflexos da própria sociedade sueca.
"Como o uso da bicicleta na Suécia é muito comum, era natural que se adaptassem as cadeirinhas de bebê a elas", explica López, ao mostrar as peças, desenhadas por Carl-Arne Berger.
Um outro produto que pode ser visto como reflexo do país é o aspirador de pó "independente". Através de sensores, o pequeno aparelho, chamado Trilobita, em homenagem ao artrópode marinho paleozóico, detecta a sujeira e vai sozinho em sua direção. A demanda foi das donas-de-casa da Suécia, país que abriga um dos mais fortes movimentos feministas do mundo.
Um tubo transparente guarda milhares de palitos de fósforo. Invenção sueca? "Não, essa seria uma inovação", diz a curadora. "Os fósforos antes podiam ser acendidos em qualquer superfície áspera. Gustaf Erik Pasch [1788-1862], em 1844, criou os "fósforos de segurança", que se acendem quando riscados na lixa da caixa".
Quebrando o princípio algo tradicional de que a forma vem antes da função, os trabalhos exibidos, segundo López, enfatizam a utilidade. Mas não é apenas isso, claro, como prova o jogo Brainball, em que vence quem estiver mais relaxado. Uma bola é movida através de ondas, emitidas pelo cérebro quando o jogador está calmo e captadas por sensores.
Para a diretora do museu, Adélia Borges, a mostra serve como um exemplo de que "o design deve estar muito próximo das pessoas. Estamos acostumados a vê-lo como algo bem mais próximo da arte do que do nosso cotidiano. Não é o caso aqui", diz.

MELHORANDO A VIDA - O DESIGN DAS INOVAÇÕES SUECAS. Onde: Museu da Casa Brasileira (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705, Itaim, tel. 3032-3727). Quando: abertura hoje, para convidados, das 18h30 às 22h; de ter. a dom.: das 13h às 18h; até 29/10. Quanto: R$ 4 (entrada franca aos domingos).


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