|
Texto Anterior | Índice
Peça expõe unanimidades burras
Sérgio Ferrara adapta o político texto "O Inimigo do Povo", de Ibsen, que tem sua estréia hoje, às 21h, no Sesc Ipiranga
Dualismos de autor norueguês aparecem em história de políticos que escondem poluição em cidade de águas termais
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em certa passagem de "O
Inimigo do Povo", um personagem lembra que um político
nunca deve dizer: "Desta água
não beberei". É desse tipo de
manipulação das vidas pública
e privada que trata a peça do
norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), cujo centenário de morte é lembrado neste ano.
As águas termais de uma cidade estão poluídas. Doentes
que para lá se dirigem saem envenenados, morrem. Um médico denuncia o problema, mas o
prefeito, seu irmão, convence a
imprensa e o povo a fazer vistas
grossas e não fechar a principal
fonte dos cofres municipais. É a
tal da unanimidade burra.
"O texto mostra como se institucionaliza a hipocrisia, seja
em 1882, quando a peça foi
apresentada pela primeira vez,
seja em 2006", diz o diretor
Sérgio Ferrara, 39. O espetáculo estréia hoje no Sesc Ipiranga.
Ferrara e a atriz Rachel Ripani assinam a tradução da obra,
adaptada em conjunto por toda
a equipe. Busca-se reforçar os
dualismos traçados por Ibsen: a
verdade e a mentira, o coletivo
e o individual, entre outros.
"[Reflete] a idéia de que toda
a vida é um conflito evolucionário", diz Ferrara, que montou
autores de recortes políticos,
como Plínio Marcos e Brecht.
Oito atores permanecem o
tempo todo no palco, entre eles
Olayr Coan (que interpreta o
dr. Thomas Stockman) e Paulo
Hesse (Peter, prefeito). Um
quadrado demarca o espaço da
ação dos personagens. Enquanto transcorre a cena, os demais
observam-na passivamente.
O INIMIGO DO POVO
Quando: estréia hoje, às 21h; sáb., às
21h, e dom., às 20h (sessões extras
nos dias 13 e 20/10, às 21h); até 22/10
Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor,
822, tel. 3340-2000)
Quanto: R$ 15
Texto Anterior: Technasia traz dance de teor asiático Índice
|