São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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MÚSICA

Festival CMJ Music Marathon celebra a renascença da juventude sônica de hoje a sábado, com shows em 50 clubes

Novo rock domina NY com 900 bandas

Divulgação
A banda nova-iorquina Radio 4, destaque da edição 2002 da maratona do CMJ


LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Já não bastasse a prolífica e animada cena roqueira (não só) que circula entre os prédios, clubes, lojas, grandes avenidas, táxis amarelos e ruas de Manhattan e adjacências -leia-se Brooklin-, Nova York se transforma mesmo, a partir de hoje e por quatro movimentados dias, no paraíso declarado da música independente.
Acontece até sábado na principal cidade norte-americana o CMJ Music Marathon 2002, o mais importante festival de música jovem organizado nos EUA.
Evento anual bancado pelo grupo CMJ (College Music Jornal), que habita o underground da música desde o começo dos anos 80 e é responsável por um conglomerado multimídia indie que junta rádio, parada própria, revista para a indústria, revista para o público em geral e eventos, o CMJ Music Marathon tem seu olhar voltado para o novo.
Vai colocar 900 bandas para percorrer mais de 50 clubes locais em quatro dias de evento, reunirá inúmeras personalidades da música para discutir o futuro e ainda encontra espaço para realizar um festival de cinema com 30 filmes que focam a simbiose entre som, visão e a mídia moderna que trata das duas artes.
Voltando aos shows, os nomes listados este ano, que vão do relativamente (des)conhecido às bandas das quais ninguém nunca ouviu falar, incluem os de Bright Eyes, Radio 4, Yeah Yeah Yeahs, Jurassic 5, Box Car Racer, Simian, Polyphonic Spree, W.I.T., entre muitos outros.
São expoentes das mais variadas formas de música independente, do electro ao rap. Na grande maioria de origem americana ou inglesa. E quase todos querendo entrar pela porta do já bastante discutido novo rock, aberta há dois anos por uma leva de grupos que também passaram pelo CMJ.
Alguns nomes "conhecidos", como os do duo inglês de eletrônico Chemical Brothers, o delicado grupo irlandês Sigur Rós e os barulhentos Foo Fighters, Tori Amos e Johnny Marr, ex-Smiths, emprestam sua fama indie à maratona promovida pelo CMJ, tocando ou palestrando.
A pauta das conferências, como vem sendo discutido já há alguns anos, versará sobre a adaptabilidade da música e principalmente da indústria musical diante da internet, do tão temido mundo digital e da pirataria.
No final das contas, entre músicos, produtores, imprensa, empresários, agitadores culturais e curiosos em geral, a maratona do CMJ reunirá cerca de 10 mil profissionais.

Internet
Esta é a 22ª edição do festival do CMJ, que causa ansiedade pop e dá um nó na cabeça roqueira de quem pretende acompanhá-lo. Não é fácil assistir a uma performance e saber que dezenas de outras estão acontecendo em lugares diferentes.
Pelo site www.cmj.com dá para conseguir muitas informações sobre a maratona do CMJ e acompanhar à distância o festival.
O CMJ tem em seu nome o termo "college", que é o equivalente americano para o "indie" britânico, ambos relacionados à música alternativa, independente. O "boom" do som college (bandas, imprensa, rádios) aconteceu dentro das universidades dos EUA nos anos 80 e provocou o nascimento da marca.
A importância do órgão CMJ como farol para os rumos culturais da arte independente americana é significativa.
"O CMJ costuma captar no underground os principais talentos emergentes e expô-los para um público maior, ajudando a cena, servindo como primeiro degrau. Esse ideal tem sido bem-sucedido desde que o CMJ existe", afirmou à Folha, por e-mail, Michelle Mutter, produtora da grande maratona que começa hoje.

Serviços prestados
Em 1984, a banda Red Hot Chili Peppers tocou no CMJ. Seis anos depois, ganharia o disco de ouro da "Billboard" com o álbum "Mother's Milk". Em 1985, R.E.M. e Run D.M.C. se apresentavam no festival em minúsculos bares. O hoje supergrupo britânico Blur foi atração em 1991. Em 1998, o rapper branquelo Eminem começava a aparecer via CMJ.
Weezer, Moby, PJ Harvey, Green Day, Marilyn Manson, Hole, Strokes, Wilco. Os exemplos dos hoje artistas de destaque que, quando pequenos, foram acolhidos pelos festivais e publicações do CMJ são muitos.
Em 1994, "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, um dos filmes mais badalados da última década, debutaria no CMJ.


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