VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o primeiro trabalho profissional, como dançarino de Madonna, no início dos anos 80, o coreógrafo alemão Felix Ruckert não faz outra coisa senão vasculhar os territórios do corpo, o que aprendeu sob as influências da conterrânea Pina Bausch, do norte-americano William Forsythe ou do austríaco Otto Muehl.
O Brasil conhece Ruckert pela primeira vez. Na semana passada, ele participou da 3ª Bienal Sesc de Dança, em Santos. E chega a São Paulo para a Mostra Sesc de Artes - Ares & Pensares.
A companhia de Ruckert faria ontem única apresentação da performance "Stillen", na abertura do evento. Mas um segundo espetáculo, "Deluxe Joy Pilot", tem sessões hoje e amanhã.
A coreografia pretende delegar aos 11 dançarinos a liberdade para que se guiem com alegria por movimentos nem sempre conhecidos, explorando estados físicos e emocionais. E parte do público interage, deitando-se em camas ou sentando-se em cadeiras.
"O público é envolvido, seduzido pela ação, e se torna ele mesmo um fragmento do processo do espetáculo", diz Ruckert, 43.
Segundo o coreógrafo, o espetáculo trata do homem contemporâneo e suas limitações e reinvenções para lidar com sua intimidade. "Sem cenas de nudez ou ações mais explícitas, atinge-se uma atmosfera altamente erótica."
Performance, happening, instalação, ritual, terapia, enfim, o coreógrafo enumera essas categorias, sem preocupações estanques. "São ferramentas que possuem códigos próprios e as uso exatamente como são: códigos."