São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Paroni de Castro faz "Macbeth" intimista

Peça estréia no Espaço dos Satyros 1 com Renato Borghi como uma das bruxas

Grupo Teatro Promíscuo também está em cartaz com o texto "Timão de Atenas", uma das obras menos conhecidas de Shakespeare

Roberta Koyama/Divulgação
Os atores Elcio Nogueira Seixas e Luciana Borghi em cena do espetáculo que entra em cartaz


DA REPORTAGEM LOCAL

Em cartaz na cidade com um dos textos menos conhecidos de Shakespeare, "Timão de Atenas", o grupo Teatro Promíscuo se vê às voltas com um dos clássicos mais populares do autor inglês, "Macbeth".
Esta montagem, fruto de recursos do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, estréia hoje no Espaço dos Satyros e serve como uma extensão do projeto em temporada no Teatro Popular do Sesi.
Maurício Paroni de Castro assina a direção. Ele está no elenco de "Timão de Atenas", dirigido por Elcio Nogueira Seixas, que agora dirige em "Macbeth". "É uma montagem mais intimista", afirma Seixas, como a preparar o público para a releitura que Paroni de Castro faz da peça, à luz dos trabalhos que realiza em seu núcleo, o Atelier de Manufactura Suspeita.
"Veja-se e entenda-se o espetáculo como tudo o que se passa a partir do momento em que se soube da existência dele, e não somente quando abrem-se as cortinas", afirma Paroni de Castro em texto para o programa do espetáculo.
A intenção é conceber a encenação como uma extensão da vida. "Traduzimos e reescrevemos diretamente no palco, utilizando como suporte a personalidade, o contexto de vida e as inclinações artísticas de cada um dos componentes do elenco. Por isso, ensaios e tradução foram paralelos e interpostos", afirma o diretor. A cena das bruxas, que prognosticam o destino agourento do rei Macbeth, alçado ao trono à custa de assassinatos, inclusive daquele que o antecedeu, soa emblemática do processo de criação, conforme Seixas.
"São bruxas que, na nossa montagem, não têm a menor credibilidade, parecem três travestis", diz o ator. "A minha roupinha é uma bata branca cheia de bichinhos enforcados", diz Renato Borghi, que divide o trio com Renato Dobal e Giampaolo Köhler.
"A ambigüidade humana estará presente não somente nas personagens mas no estilo e na forma das falas. Shakespeare empregou muito o oxímoro [uso, na mesma frase, de temas contrastantes] e a ironia [sobretudo em relação ao que o casal Macbeth espera dos eventos desencadeados e o que realmente acontece]", afirma Paroni de Castro. Elcio Nogueira Seixas afirma que os estudos sobre a obra de Shakespeare estão na base da formação do grupo, em 1993, e sempre pontuaram a sua trajetória -como a oficina sobre o dramaturgo realizada por seus integrantes no ano passado.
Ao lançar-se no papel-título, Seixas, 34, 1,69 m, diz ter superado certo complexos em relação ao pretenso porte de Macbeth, que já vira representado por Antonio Fagundes ou Luis Melo. "O ser ou não ser dele é matar ou não matar, e o que isso significa, limite que não tem mais volta. Macbeth submete-se a isso por ambicionar o poder, pela pressão da mulher, pela profecia das bruxas etc.", afirma Seixas.
"A platéia entra na cabeça desse assassino, desse rei sanguinário, e acompanha o seu pensamento se processando em tempo real", diz o ator protagonista. Também estão no elenco, entre outros, Luciana Borghi, Alvise Camozzi, Luciano Gatti e Augusta Ruiz. (VS)


MACBETH
Quando:
estréia hoje, às 20h; seg. e ter., às 20h. Até 19/12
Onde: Espaço dos Satyros 1 (pça. Franklin Roosevelt, 214, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 15


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