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Paroni de Castro faz "Macbeth" intimista
Peça estréia no Espaço dos Satyros 1 com Renato Borghi como uma das bruxas
Grupo Teatro Promíscuo também está em cartaz com o texto "Timão de Atenas", uma das obras menos conhecidas de Shakespeare
Roberta Koyama/Divulgação
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Os atores Elcio Nogueira Seixas e Luciana Borghi em cena do espetáculo que entra em cartaz
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DA REPORTAGEM LOCAL
Em cartaz na cidade com um
dos textos menos conhecidos
de Shakespeare, "Timão de
Atenas", o grupo Teatro Promíscuo se vê às voltas com um
dos clássicos mais populares do
autor inglês, "Macbeth".
Esta montagem, fruto de recursos do Prêmio Funarte de
Teatro Myriam Muniz, estréia
hoje no Espaço dos Satyros e
serve como uma extensão do
projeto em temporada no Teatro Popular do Sesi.
Maurício Paroni de Castro
assina a direção. Ele está no
elenco de "Timão de Atenas",
dirigido por Elcio Nogueira Seixas, que agora dirige em "Macbeth". "É uma montagem mais
intimista", afirma Seixas, como
a preparar o público para a releitura que Paroni de Castro faz
da peça, à luz dos trabalhos que
realiza em seu núcleo, o Atelier
de Manufactura Suspeita.
"Veja-se e entenda-se o espetáculo como tudo o que se passa
a partir do momento em que se
soube da existência dele, e não
somente quando abrem-se as
cortinas", afirma Paroni de
Castro em texto para o programa do espetáculo.
A intenção é conceber a encenação como uma extensão da
vida. "Traduzimos e reescrevemos diretamente no palco, utilizando como suporte a personalidade, o contexto de vida e
as inclinações artísticas de cada
um dos componentes do elenco. Por isso, ensaios e tradução
foram paralelos e interpostos",
afirma o diretor. A cena das
bruxas, que prognosticam o
destino agourento do rei Macbeth, alçado ao trono à custa de
assassinatos, inclusive daquele
que o antecedeu, soa emblemática do processo de criação,
conforme Seixas.
"São bruxas que, na nossa
montagem, não têm a menor
credibilidade, parecem três travestis", diz o ator.
"A minha roupinha é uma bata branca cheia de bichinhos
enforcados", diz Renato Borghi, que divide o trio com Renato Dobal e Giampaolo Köhler.
"A ambigüidade humana estará presente não somente nas
personagens mas no estilo e na
forma das falas. Shakespeare
empregou muito o oxímoro
[uso, na mesma frase, de temas
contrastantes] e a ironia [sobretudo em relação ao que o casal Macbeth espera dos eventos
desencadeados e o que realmente acontece]", afirma Paroni de Castro.
Elcio Nogueira Seixas afirma
que os estudos sobre a obra de
Shakespeare estão na base da
formação do grupo, em 1993, e
sempre pontuaram a sua trajetória -como a oficina sobre o
dramaturgo realizada por seus
integrantes no ano passado.
Ao lançar-se no papel-título,
Seixas, 34, 1,69 m, diz ter superado certo complexos em relação ao pretenso porte de Macbeth, que já vira representado
por Antonio Fagundes ou Luis
Melo. "O ser ou não ser dele é
matar ou não matar, e o que isso significa, limite que não tem
mais volta. Macbeth submete-se a isso por ambicionar o poder, pela pressão da mulher, pela profecia das bruxas etc.",
afirma Seixas.
"A platéia entra na cabeça
desse assassino, desse rei sanguinário, e acompanha o seu
pensamento se processando
em tempo real", diz o ator protagonista. Também estão no
elenco, entre outros, Luciana
Borghi, Alvise Camozzi, Luciano Gatti e Augusta Ruiz.
(VS)
MACBETH
Quando: estréia hoje, às 20h; seg. e
ter., às 20h. Até 19/12
Onde: Espaço dos Satyros 1 (pça. Franklin Roosevelt, 214, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 15
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