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Com 29 títulos, mostra traça panorama da produção britânica
Produções de Mike Leigh e Peter Greenaway integram o ciclo do Cine Olido
CRÍTICO DA FOLHA
Quem apreciou o olhar do diretor e roteirista Mike Leigh
sobre a classe trabalhadora britânica em "Simplesmente Feliz", lançado na sexta-feira, terá
em abril a oportunidade de
conferir uma miniretrospectiva da obra do cineasta, embutida no Panorama do Cinema Inglês, que o Cine Olido abre hoje.
Entre os 29 títulos da programação, realizados nos últimos
24 anos, serão exibidos quatro
longas de Leigh: "Segredos e
Mentiras" (1996), indicado ao
Oscar em cinco categorias (incluindo melhor filme, direção e
roteiro), "Garotas do Futuro"
(1997), "Topsy-Turvy - O Espetáculo" (1999) e "Agora ou
Nunca" (2002), o mais pungente deles -espécie de avesso de
"Simplesmente Feliz".
Outros cineastas britânicos
de prestígio internacional fazem parte da retrospectiva, como Peter Greenaway ("Zoo
-Um Z e Dois Zeros", seu segundo longa e um dos mais inventivos, de 1985), Stephen
Frears ("Liam", de 2000), Ken
Loach ("Riff-Raff", de 1991) e
Michael Winterbottom ("O
Beijo da Borboleta", de 1994).
Um dos mais antigos dilemas
da produção cinematográfica
britânica, aproximar-se das
fórmulas de sucesso norte-americanas (aproveitando que
o mesmo idioma facilita a distribuição) ou buscar identidade própria, será ilustrado pela
retrospectiva, com alguns "integrados" como Kenneth Branagh ("Muito Barulho por Nada", de 1993).
Entre as produções de época,
o contraste talvez seja mais gritante, com Branagh e os recentes "Moça com Brinco de Pérola" (2003), de Peter Webber, e
"A Outra" (2008), de Justin
Chadwick, que têm o "padrão
de qualidade" hollywoodiano
como parâmetro, e o iconoclasta "Eduardo II" (1991), de Derek Jarman, que opta por abordagem bem distinta (e, com
sua leitura incomum da realeza, incômoda).
"Vozes Distantes" (1988) e
"Essência da Paixão" (2000),
por sua vez, possibilitam conferir se Terence Davies foi superestimado ou não quando
despontou, duas décadas atrás.
Outro destaque: a adaptação de
Franz Kafka por Harold Pinter
em "O Processo - O Pesadelo de
Josef K." (1993), de David Jones.
(SÉRGIO RIZZO)
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