|
Texto Anterior | Índice
Crítica/"Um Amor para Toda a Vida"
Diretor de "Gandhi" abusa dos flashbacks em drama acadêmico sobre a guerra
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A guerra joga o homem
no extremo entre vida e
morte, entre paixões e
fúrias. Uma situação crucial e
que se fez bastante fértil para a
bula do cinema narrativo que
surgia junto à Primeira Guerra
Mundial, em 1914. Jamais
abandonado, esse modelo dramático ganhou renovações ao
longo dos anos até chegar, por
exemplo, à abstração magnífica
de "Além da Linha Vermelha"
(1998), de Terrence Malick.
Ou retrocessos, como "Um
Amor para Toda a Vida", em
que Richard Attenborough
conta não só uma clássica história de amor que atravessa décadas como identifica as causas
e soluciona os problemas de
seus personagens, como num
jogo de armar. O filme alterna-se entre 1941 e 1991 e mira sobretudo Ethel (Shirley MacLaine) e Jack (Christopher Plummer), entre a juventude alegre
na Segunda Guerra Mundial e a
velhice frustrada nos anos 90.
Uma história anos 40. E com
visual anos 80, cheio daquelas
pátinas e filtros dourados que o
cinema daquele década utilizava para os filmes de época. É a
assinatura "autoral" de um diretor aclamado com um filme
extremamente acadêmico e
premiado com vários Oscars
-"Gandhi" (1982).
Criador e criatura juntam-se
aqui. Numa coerência infernal,
os flashbacks são a mola narrativa de "Um Amor para Toda a
Vida" assim como Attenborough se volta para um porto
seguro, o de um cinema que
consagrou um diretor hoje bastante esquecido.
Avaliação: ruim
Texto Anterior: Bienal de Lyon reunirá 600 artistas Índice
|