São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

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Série incentiva coleções de fotografia

Portfólio de obras da paulistana Nair Benedicto é o primeiro a ser editado no Brasil pelo curador francês Pierre Devin

Preocupada com questões sociais, Benedicto é figura fundamental na história do fotojornalismo brasileiro; caixa traz 18 de suas fotos

Divulgação
"Saudação a Iemanjá' (1978), da série "Noivas', de Nair Benedicto; a fotojornalista retratou aspectos do cotidiano para montar um quadro real da vida brasileira


EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na última década, a fotografia foi responsável por fazer crescer muitas coleções privadas e particulares de artes plásticas pelo mundo. Fotógrafos como Andreas Gursky, Jeff Wall, Nan Goldin e o brasileiro Vik Muniz por exemplo, passaram a ter suas obras disputadas em leilões com valores nunca antes imaginados para o comércio de fotografias. A partir deste fenômeno começaram a surgir algumas iniciativas que visam criar novos colecionadores, como o projeto "Tiré à Part", que acaba de chegar ao Brasil sob a direção artística do curador e fotógrafo francês Pierre Devin. Ex-diretor do Centre Regional de la Photographie-Nord Pas de Calais e da Mission Photographique Transmanche, na França, Devin passou a morar em Belo Horizonte há pouco tempo, motivado pelo casamento com a fotógrafa brasileira Fabiana Figueiredo, e trouxe com ele a idéia de editar e ampliar portfólios de fotógrafos renomados, tal como ele fazia na França. O primeiro portfólio editado no Brasil traz 18 imagens da fotógrafa paulistana Nair Benedicto, 67. Lançado no final do mês passado, as fotografias selecionadas podem ser vistas também na exposição, em cartaz até o dia 6 de janeiro, na galeria da Caixa Cultural, no centro de São Paulo.
Além da pauta
Benedicto tem dedicado sua carreira à prática de um tipo de fotojornalismo que se estrutura a partir de suas próprias idéias e ideais, fugindo assim da efemeridade das pautas do dia-a-dia da imprensa para se aprofundar em temas que refletem os desvãos sociais de um país terceiro-mundista.
Junto de Juca Martins, Benedicto fundou em 1979 a agência F4, importantíssima na história do fotojornalismo brasileiro tanto por renovar a visualidade e as pautas da mídia impressa, quanto pela conscientização do direito autoral e de outras questões trabalhistas relativas à profissão de repórter-fotográfico.
De forte temática política e social, as imagens de Benedicto revelam muito da condição da mulher, do menor de idade, dos índios e dos movimentos sociais em geral. Apesar de seu trabalho ainda não ter sido devidamente publicado em livros como deveria, possui obras nos acervos do MoMA, de Nova York, do Smithsonian Institute, em Washington, e do MAM-RJ, entre outros.
Para Devin, apesar de lidar com esses temas, "Nair Benedicto jamais insiste sobre o seu caráter melodramático, sua miserabilidade que tão freqüentemente inspiram fotógrafos que trabalham para as organizações humanitárias. Nair Benedicto é também partidária da vida e de seu triunfo. A sensualidade está sempre presente. Sua obra se endereça tanto para a razão quanto para a sensibilidade. É bem esta a marca de uma obra que com o tempo se tornará clássica por poder tocar tanto o espírito quanto o coração".

Coleção
As 18 imagens que compõe a caixa do portfólio de Nair Benedicto, com tiragem de 90 exemplares, foram ampliadas no laboratório parisiense La Chambre Noire, a cargo do laboratorista Guillaume Geneste. Copiadas em papel de algodão com jato de tinta, as obras receberam tratamento para longa durabilidade. Além de Benedicto, já foram editados portfólios dos franceses Bernard Plossu e Marc Trivier. Agora o diretor artístico do projeto, Pierre Devin, pesquisa a obra de outros brasileiros para lançar em 2008.


PORTFOLIO - NAIR BENEDICTO
Quando:
de ter. a sáb., das 9h às 21h; dom., das 10h às 21h; até 6/1
Onde: Caixa Cultural (av. Paulista, 2.083, tel. 3321-4400, mais informações no site www.caixacultural.com.br)
Quanto: entrada franca


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