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ZONA LIVRE
Secretaria da Agricultura e PT trabalham para a proibição no Estado dos produtos alterados geneticamente
Governo do RS quer banir transgênicos
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
O governo do Rio Grande do Sul
pretende proibir a produção de alimentos transgênicos (alterados
geneticamente) no Estado.
O objetivo, segundo o secretário
da Agricultura José Hermetto
Hoffman, é preservar a saúde pública e também ampliar as exportações de soja do Estado para o
mercado europeu.
Alimentos alterados geneticamente estão encontrando sérias
restrições na União Européia, devido, principalmente, à ação de
grupos ambientalistas, como o
Greenpeace, que questionam a segurança desses produtos à saúde
humana e à biodiversidade.
Há duas semanas, importadores
franceses decidiram analisar
amostras da soja que compraram
no Rio Grande do Sul e podem devolver o produto.
Eles suspeitam que a Cotrijal
(Cooperativa Tritícola Mista Alto
Jacuí) lhes vendeu soja transgênica
como se fosse a convencional.
"Não temos conhecimento de
suspeita dos franceses nem de
transgênicos na nossa área", afirma o assessor de comunicação da
Cotrijal, Ênio Schroeder.
Com a proibição, Hoffmann
acredita que seria possível evitar
esses problemas e até ampliar o
mercado para a soja gaúcha.
"Vamos esclarecer os agricultores para que não comprem as sementes transgênicas, que normalmente são contrabandeadas da Argentina. Não adianta plantar e depois não ter mercado."
Riscos da biotecnologia
O deputado estadual Elvino
Bohn Gass (PT) teve o respaldo do
governo gaúcho para apresentar,
em fevereiro último, à Assembléia
Legislativa, um projeto de lei que
torna o Estado zona livre de produtos transgênicos.
"Os gaúchos produzem 22% da
soja brasileira. A transgenia significaria perda da biodiversidade, escravização dos agricultores por
empresas que trabalham com organismos genéticos modificados e
a desvalorização do produto gaúcho. Na Europa, a soja convencional tem preço superior ao da soja
transgênica", diz o deputado do
PT.
Ele cita também, como justificativas, problemas ecológicos e de
saúde pública.
"O principal risco da disseminação dos cultivos transgênicos está
na distância que há entre a complexidade dos seres vivos e o patamar alcançado pelo conhecimento
científico. Ou seja, nem a ciência
sabe dimensionar os efeitos dessa
prática", afirma o deputado.
Segundo Gass, entre os grandes
produtores mundiais de soja (Brasil, Estados Unidos e Argentina),
só o Brasil não produz a transgênica, e 90% da produção é vendida à
Europa.
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