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AGROBUSINESS
Algodão tem alta de 48% para produtor
ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local
O atraso na colheita do algodão
em São Paulo e no Paraná é um dos
fatores que provocaram aumento
de 48% no preço pago para o produtor da região Centro-Oeste, neste mês, em relação ao mesmo período de 1998.
O cotonicultor estava recebendo,
na semana passada, R$ 1,126 por libra-peso (454 gramas) do algodão
tipo 6, o mais comum plantado no
país, num momento em que a safra
começa a se acentuar.
Além do excesso de chuva, o que
impossibilita a colheita, há ainda a
desvalorização do real, que torna o
algodão importado mais caro.
Outro fator responsável pela alta
é a dificuldade das empresas de obter crédito para a importação,
abrindo caminho para o produto
nacional no mercado.
As indústrias avisam que o produto final terá um aumento de 10%
a 15% neste mês.
No mercado futuro, o algodão
está sendo cotado, em contratos
com vencimento em maio, a US$
0,48 por libra-peso na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Para os de junho, a cotação é de US$
0,50. Antes da desvalorização, oscilava entre US$ 0,60 e US$ 0,64.
"Se o produtor tivesse feito negócios no contrato futuro, teria garantido um preço melhor", diz Sergio De Zen, agrônomo, especialista
em algodão, do Cepea/Esalq/ USP.
O produtor reclama da alta do
custo de produção. No início desta
safra, descapitalizados, muitos
agricultores não conseguiram o
crédito oficial de custeio.
Tiveram, então, que recorrer aos
financiamentos de empresas de
adubos e agrotóxicos. Os contratos, fechados em dólar, pela cotação do dia, vencem em agosto e em
setembro deste ano.
Dados de cooperativas e de produtores indicam que entre 60% e
70% do custo de produção é calculado na moeda norte-americana.
Diante de um cenário imprevisível, o que preocupa os agricultores
é a incerteza com relação ao futuro
do real.
"É uma incógnita. Não sabemos
quanto vai estar valendo o dólar no
dia do vencimento dos contratos",
diz Adilton Sachetti, 40, produtor
de Mato Grosso e que deve colher
9,5 mil t de algodão em pluma numa área de 9 mil ha.
Os cotonicultores estavam trabalhando, antes da desvalorização do
real, com uma previsão de vender
o algodão por um valor entre US$
0,57 e US$ 0,59 por libra-peso. Caso o dólar estivesse sendo cotado a
R$ 2,10, o produtor conseguiria de
R$ 1,20 a R$ 1,22 por libra-peso, o
que é inferior ao preço atual.
"Por isso o agricultor está inseguro para vender toda a sua produção agora", diz Carlos Alberto
Menegati, 38, gerente da Coopasul
(Cooperativa Agrícola Sul-Mato-grossense), de Naviraí (MS).
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