São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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AGROBUSINESS

Algodão tem alta de 48% para produtor

ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local

O atraso na colheita do algodão em São Paulo e no Paraná é um dos fatores que provocaram aumento de 48% no preço pago para o produtor da região Centro-Oeste, neste mês, em relação ao mesmo período de 1998.
O cotonicultor estava recebendo, na semana passada, R$ 1,126 por libra-peso (454 gramas) do algodão tipo 6, o mais comum plantado no país, num momento em que a safra começa a se acentuar.
Além do excesso de chuva, o que impossibilita a colheita, há ainda a desvalorização do real, que torna o algodão importado mais caro.
Outro fator responsável pela alta é a dificuldade das empresas de obter crédito para a importação, abrindo caminho para o produto nacional no mercado.
As indústrias avisam que o produto final terá um aumento de 10% a 15% neste mês.
No mercado futuro, o algodão está sendo cotado, em contratos com vencimento em maio, a US$ 0,48 por libra-peso na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Para os de junho, a cotação é de US$ 0,50. Antes da desvalorização, oscilava entre US$ 0,60 e US$ 0,64.
"Se o produtor tivesse feito negócios no contrato futuro, teria garantido um preço melhor", diz Sergio De Zen, agrônomo, especialista em algodão, do Cepea/Esalq/ USP.
O produtor reclama da alta do custo de produção. No início desta safra, descapitalizados, muitos agricultores não conseguiram o crédito oficial de custeio.
Tiveram, então, que recorrer aos financiamentos de empresas de adubos e agrotóxicos. Os contratos, fechados em dólar, pela cotação do dia, vencem em agosto e em setembro deste ano.
Dados de cooperativas e de produtores indicam que entre 60% e 70% do custo de produção é calculado na moeda norte-americana.
Diante de um cenário imprevisível, o que preocupa os agricultores é a incerteza com relação ao futuro do real.
"É uma incógnita. Não sabemos quanto vai estar valendo o dólar no dia do vencimento dos contratos", diz Adilton Sachetti, 40, produtor de Mato Grosso e que deve colher 9,5 mil t de algodão em pluma numa área de 9 mil ha.
Os cotonicultores estavam trabalhando, antes da desvalorização do real, com uma previsão de vender o algodão por um valor entre US$ 0,57 e US$ 0,59 por libra-peso. Caso o dólar estivesse sendo cotado a R$ 2,10, o produtor conseguiria de R$ 1,20 a R$ 1,22 por libra-peso, o que é inferior ao preço atual.
"Por isso o agricultor está inseguro para vender toda a sua produção agora", diz Carlos Alberto Menegati, 38, gerente da Coopasul (Cooperativa Agrícola Sul-Mato-grossense), de Naviraí (MS).


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