São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Estudantes se dividem sobre saída de reitor da Unifesp

Explicação de Ulysses Fagundes para gastos com cartão gera divergências entre alunos

Parte dos universitários defende saída dele do cargo, mas, para outros, devolução do dinheiro já resolve o caso; reitor convoca reunião hoje

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A afirmação do reitor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Ulysses Fagundes Neto, 62, que disse ter se "equivocado" ao usar o cartão corporativo para gastos pessoais, dividiu a opinião de estudantes sobre um eventual afastamento dele do cargo.
Para uns, o gasto indevido já é motivo suficiente para a saída dele. Se preciso, dizem, não terão medo de invadir a reitoria.
Outros entendem que, como Fagundes Neto devolveu todo o dinheiro aos cofres públicos, não há motivo para ele deixar a administração da universidade.
A torcida parece ser bem definida na universidade. Ontem, enquanto alunos de fonoaudiologia, biomedicina e enfermagem trocaram as salas de aula pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes), onde discutiam formas de protesto e confeccionavam cartazes contra o reitor, os estudantes de medicina permaneceram nas classes assistindo às aulas.
Ontem à tarde, os alunos liderados pelo DCE saíram em passeata contra o reitor.
O pensamento divergente gera um clima de tensão na universidade. Anteontem, durante uma manifestação contra o reitor, os dois grupos trocaram empurrões e xingamentos.
O reitor devolveu aos cofres públicos os R$ 85 mil que gastou com o cartão corporativo. Disse que espera ser ressarcido, pois está seguro de ter usado corretamente a maior parte desse valor.
Em 2006, na Copa do Mundo, o reitor gastou R$ 2.473 em lojas da Nike e da Adidas na Alemanha. Na Espanha, comprou R$ 1.411 em cerâmicas. Nos EUA, mais R$ 5.084 em produtos eletrônicos. E na China, outros R$ 2.035 em malas.
Ontem a Unifesp divulgou nota informando que eventual afastamento de Fagundes Neto não se justifica, pois ele não "causou prejuízos aos cofres públicos nem praticou qualquer irregularidade". O reitor chamou os representantes dos alunos, professores e funcionários para uma reunião hoje.


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