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AGROBUSINESS
Custos do plantio assustam produtores
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
das Regionais
Os bons resultados da agricultura no primeiro trimestre deste ano,
conforme demonstrou o PIB (Produto Interno Bruto) divulgado na
semana retrasada, devem ser analisados com cautela, segundo economistas e produtores rurais ouvidos pela Folha.
As previsões apontam para um
segundo semestre de dificuldades,
geradas principalmente pelo aumento nos custos de produção.
Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a agropecuária cresceu
9,22% neste ano em relação ao primeiro trimestre de 98.
O setor foi favorecido no início
do ano pela desvalorização do real,
em janeiro, que facilitou a venda
de produtos para o exterior.
No entanto, os custos de produção também aumentaram, pois a
maior parte dos defensivos e fertilizantes é importada, o que deve
apresentar um reflexo no desempenho do segundo semestre.
"Por enquanto, estamos sentindo o impacto positivo, mas em setembro poderemos ver o lado negativo", afirma o economista
Eduardo Leão de Sousa, da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) da USP (Universidade de São Paulo), especialista em
mercado agrícola.
De acordo com ele, os produtores de soja, trigo, café, milho e laranja serão os que mais sentirão o
impacto negativo da mudança. Por
isso, Sousa diz que o setor deve evitar a euforia em torno dos números divulgados pelo IBGE.
"É preciso analisar com calma essa situação. Alguns fertilizantes e
agroquímicos aumentaram 50%
com a desvalorização e isso só vai
aparecer lá na frente", diz.
A mesmo opinião tem o engenheiro agrônomo Nelson Costa, da
Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). "Nos
produtos que estão sendo colhidos
esse aumento não está aparecendo.
Isso vai ocorrer quando o agricultor plantar a próxima safra."
Segundo a Ocepar, o aumento no
custo de produção do milho atingiu 23,5%. Na soja, ele ficou em
torno de 26% e no trigo e no arroz
em torno de 29%.
"O primeiro reflexo vai aparecer
no trigo, que será colhido no próximo semestre", afirma ele, que
acredita que a indústria de fertilizantes e defensivos deve reduzir os
preços.
O presidente do Sindicato Rural
de Taquaratinga (SP), Marco Antonio dos Santos, afirma que a entidade já está se reunindo com produtores para evitar uma crise no
segundo semestre.
"O preço dos defensivos cresceu.
O pomar não espera, temos que
comprar", diz ele. Segundo o sindicato, a caixa de laranja já está
sendo negociada a US$ 1,40, quase
US$ 2 abaixo do ano passado.
Pelos cálculos do sindicato de
Taquaritinga, pelo menos 60% dos
custos de produção da lavoura de
laranja ficam por conta dos defensivos e fertilizantes.
Na região de Franca (SP), os produtores de café, que exportam
principalmente para Europa e Japão, também esperam dificuldades para os próximos meses.
Segundo a cooperativa de Franca, o aumento no preço dos insumos está fazendo os produtores reverem suas metas.
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