São Paulo, terça, 25 de agosto de 1998

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OPINIÃO
Custo para produção de leite

SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

Em qualquer atividade econômica, o custo de produção é um importante instrumento de administração da empresa. Para que seja bem utilizado, é necessário que se conheça a metodologia de cálculo, sob pena de equívocos.
No cálculo do custo de produção de leite, alguns cuidados metodológicos devem ser observados para que se interpretem corretamente os resultados.
O primeiro se relaciona ao fato de ser esta uma atividade de produção conjunta. Os gastos que se têm com o rebanho conduzem à produção, ao mesmo tempo, de leite e de animais.
Por isso, devem-se separar os custos do leite dos custos da atividade, que engloba leite e animais. Um dos métodos que pode ser utilizado é a distribuição dos custos da atividade na mesma proporção da composição da renda bruta.
Um exemplo ajuda a entender: Renda bruta de R$ 3.600, sendo R$ 2.880 (80%) provenientes da venda de leite e R$ 720,00 (20%), da venda de animais. O custo total da atividade leiteira é igual a R$ 3.000. A partir desses dados, tem-se R$ 2.400 (R$ 3.000 x 80%), como o custo de produção do leite, e R$ 600 (R$ 3.000 x 20%), como o custo de animais. Admitindo-se, ainda, uma produção de 10 mil litros de leite, tem-se que R$ 0,30/litro seja o custo médio da atividade leiteira, e R$ 0,24/litro, o custo médio da produção de leite.
A comparação do preço do leite (R$ 0,288/litro) deve ser feita com o custo do leite (R$ 0,24/litro) e não com o custo da atividade leiteira (R$ 0,30/ litro). Quando feita de modo correto, a comparação indica lucro; quando de modo incorreto, prejuízo. O custo da atividade leiteira é comparável com a renda bruta (venda leite e animais) da atividade leiteira.
Outro cuidado na interpretação do custo diz respeito ao próprio conceito de custo. É a compensação que os donos dos fatores de produção devem receber para continuar fornecendo esses fatores.
Esse conceito explica a razão por que se devem colocar, no cálculo do custo de produção, um valor para a mão-de-obra familiar e uma remuneração pelo uso dos fatores de produção, mesmo que sejam de propriedade do empresário, tais como benfeitorias, máquinas, animais e terra.
Os componentes do custo de produção podem ser divididos em três grupos: 1º - Gastos que implicam desembolso, tais como mão-de-obra contratada e medicamentos; 2º - Depreciação de benfeitorias, máquinas e animais adultos; 3º - Remuneração do capital estável, pertencente ou não à própria empresa e colocado à disposição da produção, tais como arrendamento do pasto e juros sobre o capital empatado em benfeitorias, máquinas e animais, além da remuneração da mão-de-obra familiar.
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Sebastião Teixeira Gomes é professor titular da Universidade Federal de Viçosa (MG).



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