São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2000

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MATO GROSSO DO SUL
Leilão Sete Estrelas, dia 21, em Campo Grande, vendeu 36 prenhezes à média geral de R$ 20,4 mil
Prenhez de vaca nelore alcança R$ 42 mil

DO ENVIADO ESPECIAL

Um sofisticado leilão de prenhezes de matrizes nelore de elite mostrou que a pecuária de Mato Grosso do Sul convive com duas realidades distintas: tecnologia de Primeiro Mundo e febre aftosa, uma doença típica do subdesenvolvimento.
Realizado em um bufê em Campo Grande, o Leilão Sete Estrelas e Convidados, dia 21 último, apurou uma média de R$ 20,4 mil na venda de 36 prenhezes. O faturamento bruto atingiu R$ 736,4 mil.
Para efeito de comparação, um pregão de animais em pé da raça nelore mocho, o renomado CV, realizado em setembro último, obteve média um pouco superior a R$ 17 mil e foi considerado um sucesso de vendas.
No caso de um leilão de prenhezes, o comprador aposta alto e pode correr risco.
Apesar da indiscutível qualidade da mãe e do pai do bezerro que está sendo gestado na barriga da vaca ""mãe de aluguel", há possibilidades dele nascer e não apresentar integralmente as potencialidades genéticas dos seus pais.
Mas nada tirou o ânimo dos fazendeiros. A prenhez da vaca Asteca JJ, por exemplo, cuja receptora deverá parir o bezerro dia 9 de dezembro próximo, foi vendida por R$ 42 mil para Paulo Roberto Andrade, da Fazendas Reunidas Boi Gordo.
Asteca JJ é campeã da Expoinel 95, feira de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Ela pertence à Sete Estrelas Embriões.
Dono da Programa, empresa que organizou o leilão, Paulo Horto esperava uma média entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. ""Estamos quase em dezembro e 2000 foi um ano de explosão na venda de nelore. Acredito que o mercado está querendo dar uma parada", disse ele no início do pregão.
Considerando os R$ 15 mil projetados por Horto como média máxima, ele errou por R$ 5.400.
""Prevaleceu a qualidade das matrizes e dos touros. Além disso, o leilão recebeu 700 pessoas, entre elas grandes selecionadores de Mato Grosso do Sul e de outros Estados", afirmou Horto logo depois de o leiloeiro João Antonio Gabriel, que dividiu os trabalhos com Nilson Genovesi, dar a última martelada.
""A proposta do leilão é a de mostrar o quanto evoluída se encontra a seleção do nelore aqui em Mato Grosso do Sul", afirma Oswaldo Possari, dono da Sete Estrelas e promotor do evento.
Possari reconhece, no entanto, que nem tudo é festa. ""Mato Grosso do Sul tinha o mundo para ampliar seus negócios. A aftosa nos faz ficar restritos às nossas fronteiras. Por enquanto."
Tudo indica que a ""agonia" dos fazendeiros tem prazo para acabar: janeiro de 2001.
""Em meados de dezembro será concluída o sorologia no Estado. Esse trabalho, avaliado pelo Ministério da Agricultura, deverá comprovar a não-existência de animais infectados", diz Laucídio Coelho. Em janeiro, espera ele, o ministério deverá reconhecer o Estado como livre da doença com vacinação. ""É o primeiro e importante passo da batalha."


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