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GOVERNO PETISTA
Lula toma posse hoje como o 39º presidente do Brasil
Ormuzd Alves/Folha Imagem
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O petista Luiz Inácio Lula da Silva, que foi eleito presidente da República com 52.793.364 dos votos (61,27% dos válidos) |
Sem curso superior, petista é o primeiro operário a ocupar cargo
Eleito terá que enfrentar alta da inflação e crescimento da dívida
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-sindicalista pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva, 57,
toma posse hoje, em Brasília, às
15h, como o 39º presidente do
Brasil -levando-se em conta os
substitutos e integrantes das juntas militares.
Sucederá ao sociólogo carioca
Fernando Henrique Cardoso, 71,
o mais duradouro chefe de governo em período democrático, tendo permanecido oito anos no poder, por dois mandatos a partir de
1995. É a primeira vez, desde 1961,
que um presidente eleito diretamente entrega a faixa a outro escolhido nas mesmas condições.
Como bandeira, Lula combaterá o que o Partido dos Trabalhadores aponta como "a excessiva
sedução pelos mercados" de seu
antecessor tucano.
Tentará elaborar o que chama
de um "novo contrato social",
pacto para viabilizar a realização
das reformas tributária, previdenciária, trabalhista e política, que
formariam a base necessária para
a retomada do "crescimento econômico sustentado" do país.
Como inimigos declarados, terá
o salto da inflação, que passou de
1,8% em 1998 para 25,3% em
2002, segundo o IGP-M; a dívida
interna, que aumentou de 30%
para 60% do PIB, com dívida em
títulos federais tendo dobrado
nos últimos quatro anos, passando de R$ 323,8 bilhões para R$
663 bilhões; e a baixa taxa de crescimento econômico -percentual
de 0,94% acumulado até setembro deste ano.
Mesmo assim, 76% dos brasileiros, de acordo com o Datafolha,
acreditam que Lula fará um governo ótimo ou bom. A taxas de
FHC eram de 70% no primeiro
mandato (1994) e 41% no segundo (1998). A de Fernando Collor
era de 71% (em 1990).
Desde o início da campanha
eleitoral, Lula esforçou-se para
tentar convencer o país de que um
governo do PT seria mais amplo
do que o partido. A tese era respaldada pela necessidade de garantir a governabilidade no momento inicial. Mas também funcionava como uma espécie de vacina contra a imagem de radicalismo associada ao petismo.
O desenho do ministério de Lula é o de um governo com a cara
do PT -o que pode parecer óbvio em razão dos milhões de votos
que obteve, mas é menos pluralista do que Lula dizia na campanha.
A indicação de José Dirceu, na
Casa Civil, e de Antonio Palocci
Filho, na Fazenda, como homens-chave do governo imprime a tinta
vermelha do partido na imagem
da equipe ministerial. Terá a
guarda do cofre e o comando das
negociações políticas.
Concessões de cargos e centros
de poder a aliados como Ciro Gomes (PPS) e a integrantes de PSB,
PDT e PL cumpriram compromissos de campanha. Mas não garantiram o quórum de dois terços
dos votos do Congresso, necessário para aprovar as reformas.
Palocci é quem conduzirá uma
"criteriosa, responsável e cuidadosa transição", como definiu,
entre a era FHC e a de Lula, que
agora se inicia.
Primeiro presidente originado
de um partido de esquerda, primeiro operário e sem diploma
universitário a ocupar o cargo,
Lula foi eleito, no segundo turno,
com 52.793.364 dos votos (61,27%
dos válidos).
Com nível alto de colesterol, fumante, vida sedentária e bursite
(inflamação muscular crônica) no
ombro direito, Lula chega a Brasília revigorado pela vitória eleitoral de 27 de outubro, depois de
quatro candidaturas derrotadas
(três a presidente, em 1989, 1994 e
1998, e uma ao governo de São
Paulo, em 1982).
Pai de cinco filhos e com dois
netos, é casado com Marisa Letícia da Silva, 52, que se autodefine
como "primeira-companheira".
Como vice-presidente da República, será empossado o empresário mineiro José Alencar Gomes
da Silva, 71, senador filiado ao
Partido Liberal.
Havia sido confirmada a presença de dez presidentes e três
primeiros-ministros para a posse.
Às 16h15, no Palácio do Planalto,
Lula receberá a faixa presidencial
de Fernando Henrique Cardoso e
depois partirá em desfile de carro
aberto pela Esplanada dos Ministérios, onde estão sendo esperadas cerca de 150 mil pessoas.
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