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Brasília vive anticlímax na véspera da 2ª posse de Lula
Comemoração deve ter entre 40 mil e 50 mil pessoas; em 2003, foram 150 mil
Ônibus com militantes começaram a chegar aos poucos na tarde de ontem; comerciantes prevêem prejuízo com festa menor
ADRIANO CEOLIN
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Brasília viveu ontem um anticlímax na expectativa da posse do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para o seu segundo mandato. Nada parecido
com a véspera de 1º de janeiro
de 2003, quando milhares de
petistas eufóricos já tomavam
as ruas da capital federal com
bandeiras e buzinaço.
A estimativa do PT é que a segunda posse de Lula tenha um
público entre 40 mil e 50 mil
pessoas, o que já seria suficiente para superlotar a praça dos
Três Poderes. Em 2003, cerca
de 150 mil pessoas acompanharam a posse do presidente.
Ontem à tarde, os primeiros
ônibus com militantes de outros Estados começaram a chegar. O primeiro a encostar na
Esplanada dos Ministérios, por
volta das 14h, trouxe 45 pessoas
de Coronel Fabriciano (MG).
"Foram 16 horas de viagem,
quase 1.000 km, com todo
mundo gritando o nome do Lula o tempo todo", disse o motorista Paulo Mário da Silva, 31.
Um dos passageiros, Walice
de Almeida, 28, esteve na posse
passada. "Da outra vez, tinha
mais gente. Viemos em quatro
ônibus. Agora só veio um."
A partir de Belo Horizonte,
Maria Araújo Faria, 46, veio no
mesmo ônibus que Almeida.
Ela também esteve presente na
festa da posse em 2003. "Aquela vez nós chegamos mais tarde,
por isso havia mais gente", disse Maria. "Não perderia [a posse] por nada deste mundo."
Como Almeida, ela é funcionária pública. Trabalha há 11
anos na Secretaria de Saúde da
Prefeitura de Belo Horizonte,
cidade administrada pelo petista Fernando Pimentel.
O anticlímax da segunda posse também desanimou alguns
comerciantes da capital. O vendedor Jorge Hilário Joaquim,
73, com seu ponto no centro da
cidade, lamentava ter vendido
apenas uma bandeira do PT ontem. "Não me recordo exatamente, mas lembro que há quatro anos eu vendi muitas bandeiras do PT", disse.
Outro que saiu no prejuízo
foi Waldomiro Silva, 35, dono
do único restaurante do centro
de eventos reservado pelo PT
para servir de abrigo aos militantes de outros Estados.
"Na sexta-feira, alguém deles
[do PT] me pediu para ficar
preparado para servir refeições
para cerca de 2.000 pessoas na
véspera da posse. Me garantiram que ontem [anteontem]
teria pelo menos 800 deles já
aqui", disse Silva. "Com essa expectativa, eu fui no mercado e
gastei quase R$ 2.000 em mercadoria, mas não apareceu absolutamente ninguém."
De acordo com o PT, são esperados hoje cerca de 300 ônibus, a maioria deles partindo de
cidades-satélites de Brasília e
do oeste de Minas Gerais.
Dos demais Estados, a expectativa é de no máximo 20 ônibus, entre os quais um vindo de
Garanhuns (PE), terra natal de
Lula, com familiares do presidente. Dos 54 passageiros, 21 se
dizem parentes do petista.
Cada um dos passageiros desembolsou R$ 470 para acompanhar a segunda posse do conterrâneo. Houve alguns incentivos. O prefeito de Caetés, por
exemplo, doou dez passagens.
Ontem à tarde eles foram ao
Palácio da Alvorada tentando
ser recebidos por Lula. Foram
orientados a retornar ao hotel e
aguardar eventual contato do
Cerimonial da Presidência.
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