São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2007

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Brasília vive anticlímax na véspera da 2ª posse de Lula

Comemoração deve ter entre 40 mil e 50 mil pessoas; em 2003, foram 150 mil

Ônibus com militantes começaram a chegar aos poucos na tarde de ontem; comerciantes prevêem prejuízo com festa menor


ADRIANO CEOLIN
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Brasília viveu ontem um anticlímax na expectativa da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu segundo mandato. Nada parecido com a véspera de 1º de janeiro de 2003, quando milhares de petistas eufóricos já tomavam as ruas da capital federal com bandeiras e buzinaço.
A estimativa do PT é que a segunda posse de Lula tenha um público entre 40 mil e 50 mil pessoas, o que já seria suficiente para superlotar a praça dos Três Poderes. Em 2003, cerca de 150 mil pessoas acompanharam a posse do presidente.
Ontem à tarde, os primeiros ônibus com militantes de outros Estados começaram a chegar. O primeiro a encostar na Esplanada dos Ministérios, por volta das 14h, trouxe 45 pessoas de Coronel Fabriciano (MG). "Foram 16 horas de viagem, quase 1.000 km, com todo mundo gritando o nome do Lula o tempo todo", disse o motorista Paulo Mário da Silva, 31.
Um dos passageiros, Walice de Almeida, 28, esteve na posse passada. "Da outra vez, tinha mais gente. Viemos em quatro ônibus. Agora só veio um."
A partir de Belo Horizonte, Maria Araújo Faria, 46, veio no mesmo ônibus que Almeida. Ela também esteve presente na festa da posse em 2003. "Aquela vez nós chegamos mais tarde, por isso havia mais gente", disse Maria. "Não perderia [a posse] por nada deste mundo."
Como Almeida, ela é funcionária pública. Trabalha há 11 anos na Secretaria de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, cidade administrada pelo petista Fernando Pimentel.
O anticlímax da segunda posse também desanimou alguns comerciantes da capital. O vendedor Jorge Hilário Joaquim, 73, com seu ponto no centro da cidade, lamentava ter vendido apenas uma bandeira do PT ontem. "Não me recordo exatamente, mas lembro que há quatro anos eu vendi muitas bandeiras do PT", disse.
Outro que saiu no prejuízo foi Waldomiro Silva, 35, dono do único restaurante do centro de eventos reservado pelo PT para servir de abrigo aos militantes de outros Estados.
"Na sexta-feira, alguém deles [do PT] me pediu para ficar preparado para servir refeições para cerca de 2.000 pessoas na véspera da posse. Me garantiram que ontem [anteontem] teria pelo menos 800 deles já aqui", disse Silva. "Com essa expectativa, eu fui no mercado e gastei quase R$ 2.000 em mercadoria, mas não apareceu absolutamente ninguém."
De acordo com o PT, são esperados hoje cerca de 300 ônibus, a maioria deles partindo de cidades-satélites de Brasília e do oeste de Minas Gerais.
Dos demais Estados, a expectativa é de no máximo 20 ônibus, entre os quais um vindo de Garanhuns (PE), terra natal de Lula, com familiares do presidente. Dos 54 passageiros, 21 se dizem parentes do petista.
Cada um dos passageiros desembolsou R$ 470 para acompanhar a segunda posse do conterrâneo. Houve alguns incentivos. O prefeito de Caetés, por exemplo, doou dez passagens.
Ontem à tarde eles foram ao Palácio da Alvorada tentando ser recebidos por Lula. Foram orientados a retornar ao hotel e aguardar eventual contato do Cerimonial da Presidência.


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