São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2008

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Emenda não traz mais votos, mas doações

DA REDAÇÃO

Ao contrário da crença difundida entre políticos e eleitores, emendas parlamentares individuais ao Orçamento não garantem uma maior votação de políticos em seus Estados.
Pesquisas recentes mostram que deputados federais que fazem emendas individuais não recebem necessariamente mais votos nas eleições seguintes, mas tendem a conseguir doações mais vultosas para suas campanhas.
"Estatisticamente, emenda é insignificante para o total de votos dele no Estado. Não dá para dizer que um deputado que fez emendas teve mais votos que um que não fez", diz o economista Ciro Biderman, que comanda um estudo sobre deputados federais de São Paulo.
"Quando você vê a influência das emendas na captação oficial, declarada, do deputado, aí sim é importante", diz Biderman, pesquisador do Centro de Estudos de Política e Economia do Setor Público da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
A partir de estudos de cientistas políticos e economistas, a Folha cruzou dados de emendas, votos e financiamento. Delfim Netto perdeu quase 100 mil votos de 2002 a 2006 (não foi reeleito), mas seus gastos de campanha subiram de R$ 760 mil para R$ 1,025 milhão. A explicação para a queda nos votos não vem das emendas: R$ 1,62 milhão por ano em média entre 2000 e 2003, contra R$ 1,175 milhão de 2004 a 2006.
Orientado por Biderman, o economista Glauco Peres, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, chama a atenção para o fato de que, no município onde a emenda é alocada, os deputados, geralmente, têm mais votos, mas isso não altera o resultado final no Estado.
São aventadas duas hipóteses: os votos a mais na cidade não fazem grande diferença estatística ou o político ganha votos num município, mas perde em outros. "Aprovar emenda não garante maior votação total. O que a pesquisa aponta até agora é que é mais significativo para arrecadação", diz Peres.
É o caso de Jorge Tadeu Mudalen (DEM), que não se reelegeu deputado em 2002. Naquela legislatura, ele apresentou, em média, R$ 1,65 milhão por ano em emendas. Em 2002, seus gastos na campanha foram de R$ 231 mil. Sem cargo de deputado (e sem emendas), Mudalen recebeu quase 40 mil votos a mais e voltou a se eleger em 2006 com 165 mil votos, mas gastou menos na eleição: R$ 164,5 mil. (FBM)


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