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Emenda não traz mais votos, mas doações
DA REDAÇÃO
Ao contrário da crença
difundida entre políticos e
eleitores, emendas parlamentares individuais ao
Orçamento não garantem
uma maior votação de políticos em seus Estados.
Pesquisas recentes mostram que deputados federais que fazem emendas
individuais não recebem
necessariamente mais votos nas eleições seguintes,
mas tendem a conseguir
doações mais vultosas para suas campanhas.
"Estatisticamente,
emenda é insignificante
para o total de votos dele
no Estado. Não dá para dizer que um deputado que
fez emendas teve mais votos que um que não fez",
diz o economista Ciro Biderman, que comanda um
estudo sobre deputados
federais de São Paulo.
"Quando você vê a influência das emendas na
captação oficial, declarada, do deputado, aí sim é
importante", diz Biderman, pesquisador do Centro de Estudos de Política
e Economia do Setor Público da Fundação Getúlio
Vargas, em São Paulo.
A partir de estudos de
cientistas políticos e economistas, a Folha cruzou
dados de emendas, votos e
financiamento. Delfim
Netto perdeu quase 100
mil votos de 2002 a 2006
(não foi reeleito), mas
seus gastos de campanha
subiram de R$ 760 mil para R$ 1,025 milhão. A explicação para a queda nos
votos não vem das emendas: R$ 1,62 milhão por
ano em média entre 2000
e 2003, contra R$ 1,175
milhão de 2004 a 2006.
Orientado por Biderman, o economista Glauco
Peres, da Fundação Escola
de Comércio Álvares Penteado, chama a atenção
para o fato de que, no município onde a emenda é
alocada, os deputados, geralmente, têm mais votos,
mas isso não altera o resultado final no Estado.
São aventadas duas hipóteses: os votos a mais na
cidade não fazem grande
diferença estatística ou o
político ganha votos num
município, mas perde em
outros. "Aprovar emenda
não garante maior votação
total. O que a pesquisa
aponta até agora é que é
mais significativo para arrecadação", diz Peres.
É o caso de Jorge Tadeu
Mudalen (DEM), que não
se reelegeu deputado em
2002. Naquela legislatura,
ele apresentou, em média,
R$ 1,65 milhão por ano em
emendas. Em 2002, seus
gastos na campanha foram de R$ 231 mil. Sem
cargo de deputado (e sem
emendas), Mudalen recebeu quase 40 mil votos a
mais e voltou a se eleger
em 2006 com 165 mil votos, mas gastou menos na
eleição: R$ 164,5 mil.
(FBM)
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