São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2009

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"Dono" do DEM-SP, Kassab centraliza sigla

Prefeito, que preside diretórios municipal e estadual de seu partido, toma posse hoje e consolida papel no jogo político de 2010

Círculo de confiança tem Guilherme Afif e Claudio Lembo; grupo de jovens ganhará cargos para ter experiência administrativa

Anderson Barbosa/Futura Press
Gilberto Kassab participa de festividade japonesa na Liberdade

FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao tomar posse hoje pela primeira vez como prefeito eleito de São Paulo, Gilberto Kassab completa a transição que transformou o diretório paulista de seu partido, historicamente um dos mais fracos do antigo PFL, na principal seção do DEM em todo o país.
Kassab também consolida seu papel de figura fundamental nas negociações políticas para 2010, já que comanda os rumos da sigla paulista. Ele é chamado por correligionários de "chefe" e "dono do partido" no Estado. Não por acaso.
Kassab é presidente (a maior parte do tempo licenciado, desde que assumiu a prefeitura no lugar de José Serra, em 2006) tanto do diretório estadual quanto do municipal. É um caso único dentro das grandes siglas. Sua terceira presidência é a do Conselho Político do DEM nacional, órgão que pode barrar decisões de diretórios estaduais e municipais.
Kassab foi convidado, em 1995, pelo então presidente do PFL, Jorge Bornhausen, para promover uma reformulação do partido em São Paulo. Desde então, foram duas rodadas de refiliações e a troca em diretórios em cidades do interior. Hoje, o DEM em São Paulo não chega a ter 800 filiados.
"O partido deixou de ser frágil no Estado para ser um partido com cara e estrutura", diz o ex-governador Claudio Lembo. "E ele está hoje com muito jovens, todos formados após o ciclo de 1964."
Na estrutura do DEM paulista, Lembo e Guilherme Afif (secretário estadual do Emprego) ocupam posição de destaque, fazendo papel de conselheiros. Afif é, hoje, nome certo no xadrez das vagas abertas em 2010 no Estado, quando haverá eleições de governador e senador.
Também estão no círculo de confiança Rogério Amato (secretário estadual de Assistência Social) e os secretários municipais Alfredo Cotait (Relações Internacionais), Marcelo Branco (Obras) e Alexandre de Moraes (Transporte).
Os deputados federais Guilherme Campos e Walter Ihoshi são espécies de emissários no interior do Estado e no Congresso. Nomes como o do presidente da OAB-SP, Luiz Borges D'Urso, e de Eleuses Paiva, ex-presidente da Associação Médica Brasileira, são cotados para tentar aumentar a bancada paulista na Câmara.
Em seu novo mandato, o prefeito investirá ainda em um grupo de jovens do partido, que serão realocados para ganhar experiência. Seu chefe-de-gabinete, Arley Aires, será deslocado para a Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação), local de onde sairá Walter Abraão Filho, que assumirá a subprefeitura da Casa Verde. Os dois comandam a Juventude do DEM. João Francisco Aprá, que trabalhava com Afif, vai para o gabinete do prefeito.

Rumo a 2010
Ao mesmo tempo que fortalece seu grupo político, Kassab não deixa a defesa intransigente da aliança com o PSDB e com o governador José Serra. Na definição de um interlocutor, essa atitude se dá por uma mistura de "convicção e astúcia".
Kassab já declarou que sua sobrevivência política depende de uma boa gestão na prefeitura. Dessa forma, estaria no topo da fila para se candidatar ao governo estadual. Sem deixar de comandar a sigla em São Paulo, o que fez na última década com mão centralizadora.


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