São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005

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Virgilistas devem usar acusação só nos bastidores

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grupo Câmara Forte -que apóia o candidato avulso do PT, Virgílio Guimarães (MG)- decidiu usar estrategicamente informação do caso Lubeca que envolveria o candidato do oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).
O discurso oficial dos virgilistas sustentará que o debate nas eleições da Casa precisa ser propositivo, para evitar a acusação inversa de jogo sujo contra Greenhalgh.
A ordem, porém, é martelar o assunto nos bastidores. A cautela se dará ao não entrar no mérito da acusação, evitando assim que a ação do grupo se transforme em um ataque concreto contra o PT.
"Não temos nada a ver com isso. Nossa campanha é propositiva", disse o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), articulador virgilista.
Para o Câmara Forte, o fato político serve para reforçar a bandeira da representatividade da candidatura Virgílio. Greenhalgh é considerado um deputado respeitável, porém distante da realidade da Casa e do chamado "baixo clero" (deputados de pouca visibilidade política). Agora, a acusação pode virar uma mácula política ao "currículo ilibado" de Greenhalgh de defensor de perseguidos políticos e dos direitos humanos.
Para o líder do PPS, Júlio Delgado (MG), a bancada do PT errou na escolha do candidato. "A acusação pode até ser coisa do passado. Mas, sem prejulgar Greenhalgh, é grave suficiente que o nome que representará a Casa suscite dúvidas", disse ele, cuja posição pessoal é pró-Virgílio.
A tese de suspeição deve ser colocada em prática a partir de hoje, na reunião das lideranças da Câmara que já estava agendada.
Virgilistas estudaram ontem à tarde qual deveria ser a reação oficial de Virgílio. Num primeiro momento, o grupo decidiu soltar uma nota em defesa do presidente Lula, sem citar Greenhalgh.
Acabaram não soltando a nota nem se manifestando em público para resguardar Virgílio. Ele teria a obrigação de defender Lula, mas a posição omissa com relação ao concorrente poderia ser vista como um endosso da acusação.
O líder do PFL e candidato avulso, José Carlos Aleluia (BA), elogiou a iniciativa da imprensa, mas não quis se manifestar: "Não vou me aproveitar da matéria para desviar o debate". "Cabe somente a Greenhalgh e ao PT esclarecerem isso. A única coisa que digo é que não vou explorar isso politicamente", disse o candidato Severino Cavalcanti (PP-PE).


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