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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS
Deputado consta de lista sobre suposto caixa dois operado em 2002 por ex-diretor da estatal; afirmação foi feita em depoimento à PF
Jefferson diz ter recebido R$ 75 mil de Furnas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado cassado Roberto
Jefferson (PTB-RJ) confirmou em
depoimento à Polícia Federal ter
recebido R$ 75 mil de caixa dois
gerenciado por funcionários da
estatal Furnas Centrais Elétricas.
O suposto pagamento consta de
um conjunto de papéis investigados pela PF no inquérito que tem
como alvo supostas irregularidades denunciadas por Jefferson em
entrevista à Folha publicada em
junho do ano passado.
Na ocasião, Jefferson atribuiu o
comando do suposto esquema a
Dimas Toledo, então diretor de
Engenharia de Furnas. "Ele [Toledo] explicou que sobram R$ 3 milhões por mês em Furnas. Desse
total, R$ 1 milhão vai para o PT
nacional, pelas mãos de Delúbio
[Soares, ex-tesoureiro do PT]",
afirmou Jefferson na ocasião.
No depoimento, realizado no
Rio, na quarta passada, Jefferson
disse que recebeu o pagamento
em espécie, em seu gabinete, das
mãos de Toledo.
A estatal controla dez hidrelétricas e atua no Distrito Federal e
nos Estados de São Paulo, Minas,
Rio, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Paraná e Rondônia, onde estão 51% dos domicílios do país.
A contabilidade paralela investigada pela PF indica um caixa
dois, gerenciado a partir de Furnas, que chegaria a R$ 40 milhões.
O dinheiro teria sido conseguido "por intermédio de Furnas,
entre colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços, construtoras, bancos, fundos de pensão, corretoras de valores e seguradoras", segundo diz o cabeçalho de um desses papéis.
Questionado quanto a pagamento feito para outros políticos,
Jefferson disse que somente poderia responder pelo seu caso.
Conforme os papéis -que são
cópia de uma cópia autenticada-, 156 candidatos a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual de
diversos Estados e partidos receberam recursos, nas eleições de
2002, por meio do esquema.
Jefferson confirmou ter prestado o depoimento. Disse, no entanto, que não comentaria o conteúdo de suas declarações.
A cópia da contabilidade tem
autenticação em cartório e firma
reconhecida para a assinatura de
Toledo, que consta da quinta folha, logo após o registro de local e
data no qual o documento teria sido elaborado: "Rio de Janeiro, 30
de novembro de 2002".
Uma análise pericial preliminar
revelou que a firma seria verdadeira. Porém haveria indícios de
falsidade documental na autenticação do documento. A PF busca
o original do documento. Paralelamente, trabalha para checar as
informações nele contidas.
Outro lado
Toledo deixou o cargo após as
denúncias de Jefferson. Procurado ontem pela Folha, não respondeu ao recado deixado.
No início de janeiro, em nota
enviada à Folha, Toledo afirmou:
"Jamais elaborei ou subscrevi relação dessa natureza; e os fatos
que a lista pretende demonstrar
são mentirosos, afinal, jamais
funcionei como arrecadador ou
caixa de campanha de quem quer
que seja".
(ANDRÉA MICHAEL)
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