São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS

Deputado consta de lista sobre suposto caixa dois operado em 2002 por ex-diretor da estatal; afirmação foi feita em depoimento à PF

Jefferson diz ter recebido R$ 75 mil de Furnas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) confirmou em depoimento à Polícia Federal ter recebido R$ 75 mil de caixa dois gerenciado por funcionários da estatal Furnas Centrais Elétricas.
O suposto pagamento consta de um conjunto de papéis investigados pela PF no inquérito que tem como alvo supostas irregularidades denunciadas por Jefferson em entrevista à Folha publicada em junho do ano passado.
Na ocasião, Jefferson atribuiu o comando do suposto esquema a Dimas Toledo, então diretor de Engenharia de Furnas. "Ele [Toledo] explicou que sobram R$ 3 milhões por mês em Furnas. Desse total, R$ 1 milhão vai para o PT nacional, pelas mãos de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro do PT]", afirmou Jefferson na ocasião.
No depoimento, realizado no Rio, na quarta passada, Jefferson disse que recebeu o pagamento em espécie, em seu gabinete, das mãos de Toledo.
A estatal controla dez hidrelétricas e atua no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Minas, Rio, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Paraná e Rondônia, onde estão 51% dos domicílios do país.
A contabilidade paralela investigada pela PF indica um caixa dois, gerenciado a partir de Furnas, que chegaria a R$ 40 milhões.
O dinheiro teria sido conseguido "por intermédio de Furnas, entre colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços, construtoras, bancos, fundos de pensão, corretoras de valores e seguradoras", segundo diz o cabeçalho de um desses papéis.
Questionado quanto a pagamento feito para outros políticos, Jefferson disse que somente poderia responder pelo seu caso.
Conforme os papéis -que são cópia de uma cópia autenticada-, 156 candidatos a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual de diversos Estados e partidos receberam recursos, nas eleições de 2002, por meio do esquema.
Jefferson confirmou ter prestado o depoimento. Disse, no entanto, que não comentaria o conteúdo de suas declarações.
A cópia da contabilidade tem autenticação em cartório e firma reconhecida para a assinatura de Toledo, que consta da quinta folha, logo após o registro de local e data no qual o documento teria sido elaborado: "Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2002".
Uma análise pericial preliminar revelou que a firma seria verdadeira. Porém haveria indícios de falsidade documental na autenticação do documento. A PF busca o original do documento. Paralelamente, trabalha para checar as informações nele contidas.

Outro lado
Toledo deixou o cargo após as denúncias de Jefferson. Procurado ontem pela Folha, não respondeu ao recado deixado.
No início de janeiro, em nota enviada à Folha, Toledo afirmou: "Jamais elaborei ou subscrevi relação dessa natureza; e os fatos que a lista pretende demonstrar são mentirosos, afinal, jamais funcionei como arrecadador ou caixa de campanha de quem quer que seja". (ANDRÉA MICHAEL)

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