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CASO CELSO DANIEL
Acusado diz que ameaças o levaram a confessar que atirou no prefeito
Jovem muda versão sobre assassinato
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O jovem L., que confessou à Polícia Civil ser o autor dos oito disparos contra o prefeito Celso Daniel (PT), mudou a versão e afirmou a policiais e a promotores
que assumiu o crime após ser
ameaçado por outros integrantes
da quadrilha da qual participava.
L., que era menor de idade na
época do crime, disse que, no período entre o seqüestro e a morte
de Daniel, de 18 a 20 de janeiro de
2002, vigiava uma garota que havia sido seqüestrada pelo mesmo
grupo dias antes. A versão dele foi
confirmada pela vítima -liberada depois do pagamento do resgate. A culpabilidade de L. foi
apontada pela Polícia Civil 46 dias
após a morte de Daniel.
"Mais do que meros indícios,
resta-nos a certeza de ser o adolescente em questão o autor imediato dos disparos de arma de fogo
que ceifaram a vida de Celso Daniel", afirmou, em março de 2002,
o delegado titular Armando de
Oliveira Costa Filho, do DHPP
(Departamento de Homicídios e
de Proteção à Pessoa), em documento dirigido à Justiça de Infância e Juventude. Procurado pela
Folha, Costa Filho afirmou que
sua convicção foi baseada na confissão do então menor.
Ameaças
Na semana passada, após ser recapturado pela polícia -ele havia
fugido da Febem em 2005-, L.
disse a policiais e promotores que
assumiu o crime após ouvir
ameaças, a ele próprio e à sua família, de José Edison da Silva, outro integrante da quadrilha e um
dos sete presos pelo assassinato
de Daniel. José Edison, que foi
condenado pelo seqüestro da jovem, teria dito que, por ser menor
de idade, L. não teria problemas
com a Justiça.
"Não tive nenhum envolvimento direto ou indireto no seqüestro
e na morte de Celso Daniel", afirmou L. no depoimento. Ele relatou que, na noite do seqüestro, estava na casa de José Edison, usado
como cativeiro para a garota, cuidando da vítima.
Na mesma noite, disse L., José
Edison teria comentado com ele
sobre o seqüestro de "um cara
forte".
A confissão inicial do menor foi
considerada inverossímil pelo
médico-legista Carlos Delmonte
Printes, que morreu em outubro
do ano passado. À época, o perito
afirmou que a reconstituição do
assassinato feita pelo menor era
conflitante com o laudo balístico
do corpo do prefeito.
Em depoimento à Promotoria
Criminal de Santo André, L. também não reconheceu o prefeito
por meio de uma foto. "Não conheço esse homem aí, ele não participou do crime", disse, referindo-se a Daniel. De forma não oficial, L. já havia dito que não participara do crime, mas nunca antes
havia concordado em colocar
suas declarações no papel.
L., que ficou foragido da Febem
por sete meses e retornou à instituição, será solto no próximo
mês, quando completará 21 anos
-idade máxima permitida para
internação.
No dia 25 de janeiro, logo após
ter prestado o depoimento em
que mudou a versão sobre sua
participação no crime, L. foi entrevistado pela Folha.
Na ocasião, porém, ele voltou a
dizer que foi o autor dos disparos.
"A vida toda vou ouvir essa pergunta, se matei. Eu matei", afirmou. Na entrevista, ele não quis
falar sobre eventuais ameaças que
teria sofrido.
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