São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Férias corporativas

Enquanto se desdobra para explicar os R$ 171 mil que gastou no cartão corporativo no ano passado, a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) terá uma tarefa extra: justificar despesas de R$ 2.969,01 de 17 de dezembro de 2007 a 1º de janeiro. O site do ministério informa, sobre o período: "A ministra Matilde Ribeiro está de férias até 1º de janeiro de 2008".
Entretanto, o cartão de Matilde não parou de registrar gastos. Só na véspera do Natal, a ministra pagou R$ 1.876,90 para uma locadora de carros. No dia 17, o primeiro das férias, Matilde gastou R$ 600 no aluguel de veículos, R$ 303 de hotel, R$ 86,46 num restaurante e, finalmente, R$ 104 no bar Canto Madalena, notório reduto de petistas na zona oeste de São Paulo.



Cliente antiga. A fatura do cartão de Matilde explodiu no ano passado, mas ela começou a gastá-lo no dia 21 de julho de 2006. E, logo nos seis primeiros meses, desembolsou R$ 55,5 mil: R$ 45 mil para alugar carros, R$ 7,5 mil em hotéis, e R$ 2,5 mil em restaurantes e choperias.

Eu sozinha. A ausência de manifestações de apoio a Matilde no PT tem explicação: a ministra não esteve associada a nenhuma corrente na última eleição do partido, em dezembro. Lançou chapa própria e conseguiu apenas uma vaga no Diretório Nacional petista, que tem 81 cadeiras.

Rotina. No rol de testemunhas de defesa de José Dirceu no processo do mensalão está Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco. O objetivo é mostrar que, na Casa Civil, Dirceu costumava receber banqueiros -e tentar descaracterizar favorecimento ao BMG e ao Banco Rural.

Blindada. Com tantos ministros e ex-ministros arrolados pela defesa de Dirceu, chamou a atenção a ausência de Dilma Rousseff, que o substituiu na Casa Civil. Ao longo de todo o escândalo do mensalão, a ministra passou ao largo das investigações.

Mão amiga 1. A bancada do PMDB na Câmara acompanha desconfiada os primeiros passos de Edison Lobão. Acham que o ministro de Minas e Energia faz jogo duplo e vai empurrando com a barriga a situação da Petrobras.

Mão amiga 2. Para os deputados, Lobão é "sensível" aos apelos de Renan Calheiros (PMDB-AL), que quer evitar a indicação de Jorge Zelada para o lugar de seu amigo Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da estatal.

Agora é moda. O governador Paulo Hartung (PMDB-ES) esteve com o colega José Serra em São Paulo, na quarta. Foi pedir ajuda na tarefa de convencer o PSDB capixaba a dar o vice na chapa reeleitoral do petista João Coser, em Vitória. Serra prometeu não se opor à aliança.

Para constar. Não que fosse necessário, mas o PT paranaense resolveu vetar no Estado qualquer aliança com PSDB e DEM durante as eleições. À direção nacional do partido, soou como contraponto ao namoro de petistas e tucanos em Belo Horizonte.

Folião. O governador Marcelo Déda (SE) está numa dúvida cruel: recebeu convites dos vizinhos Eduardo Campos (PSB-PE) e Jaques Wagner (PT-BA) para o Carnaval. Embora admita simpatia pelo pernambucano Galo da Madrugada, o diplomático petista deve atender aos dois.

Acesso limitado. Vereadores paulistanos estão em polvorosa por terem recebido apenas dois, ao invés dos tradicionais quatro convites para assistir ao desfile das escolas de samba no Anhembi. A distribuição foi feita via gabinete de Gilberto Kassab (DEM).

Reforma total. Depois de trocar os titulares da Justiça e da Educação, a governadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) mudará seu secretário de Saúde, da cota do PMDB, que continuará a indicar o nome.

Tiroteio

"Não adianta vir com a tardia reação após a farra dos cartões, porque a ressaca não absolve as besteiras feitas na bebedeira. Governo não investiga governo, portanto tem de haver CPI."


Do presidente nacional do PPS, ROBERTO FREIRE, sobre os gastos indevidos de ministros com os cartões corporativos do governo.

Contraponto

Fim de papo

Governador de Minas entre 1991 e 1994, Hélio Garcia recebeu certa vez no Palácio da Liberdade o então prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias (PT), e o secretário de Fazenda da capital, o hoje prefeito Fernando Pimentel.
Garcia era conhecido por não gostar de falar com a imprensa. Após a reunião, os três foram cercados por jornalistas. Garcia respondeu, a contragosto, a várias perguntas, mas diante da insistência de um repórter de TV para que falasse mais, saiu-se com essa:
-Você vai me fazer uma pergunta idiota e eu vou dar uma resposta cretina. Só que a sua emissora vai cortar a sua pergunta idiota e vai levar ao ar só a minha resposta cretina. Então, é melhor eu não falar mais nada!


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