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Valério depõe após recados enviados a PT
Em depoimento de Delúbio, perguntas de advogado do empresário tinham ar de ameaça
Principal envolvido no mensalão se recusou a fechar acordo de delação premiada com Procuradoria; defesas mostram "sintonia"
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
O principal interrogatório do
início da fase de instrução do
processo dos 40 denunciados
no escândalo do mensalão
ocorre hoje, às 14h, em Belo
Horizonte, sob a expectativa de
qual será o comportamento do
empresário Marcos Valério.
Acusado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção
ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Valério fez na semana passada
ameaças veladas aos demais
envolvidos no episódio.
No interrogatório do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares,
o defensor de Valério perguntou se Delúbio participara de
reunião com o ex-ministro da
Fazenda Antonio Palocci e se já
freqüentara a Granja do Torto.
Na avaliação de um procurador que participa dos interrogatórios, os recados de Valério
foram os únicos desvios na estratégia de defesa que ele passou a adotar nesta fase do processo: a de assumir a responsabilidade por todos os fatos.
Até a defesa preliminar, Valério chegou a atribuir responsabilidades a seus ex-sócios
Cristiano Paz e Ramon Hollerbach e até a dirigentes do Banco
Rural. Para o procurador, a mudança veio após o suposto operador do mensalão se recusar a
fechar acordo de delação premiada com a Procuradoria.
O início da instrução do processo do mensalão também evidenciou a articulação entre as
defesas dos réus: os advogados
dos réus não estão fazendo perguntas que possam prejudicar a
defesa de outros acusados. O
advogado de Valério, Marcelo
Leonardo, por exemplo, tem
feito perguntas a favor de todos
os réus. Nas audiências que a
Folha acompanhou em Minas,
os contatos entre os advogados
de defesa foram constantes.
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que a articulação entre os advogados dos
réus é a "lógica natural da atuação da defesa no processo". Ele
não quis comentar a avaliação
da Procuradoria de que Valério
age como bode expiatório
-"sobre isso não vou emitir
opinião antes de ele prestar declarações"- e não falou sobre
as perguntas que fez a Delúbio.
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