São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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Valério depõe após recados enviados a PT

Em depoimento de Delúbio, perguntas de advogado do empresário tinham ar de ameaça

Principal envolvido no mensalão se recusou a fechar acordo de delação premiada com Procuradoria; defesas mostram "sintonia"

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA,

EM BELO HORIZONTE O principal interrogatório do início da fase de instrução do processo dos 40 denunciados no escândalo do mensalão ocorre hoje, às 14h, em Belo Horizonte, sob a expectativa de qual será o comportamento do empresário Marcos Valério.
Acusado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Valério fez na semana passada ameaças veladas aos demais envolvidos no episódio.
No interrogatório do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o defensor de Valério perguntou se Delúbio participara de reunião com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e se já freqüentara a Granja do Torto.
Na avaliação de um procurador que participa dos interrogatórios, os recados de Valério foram os únicos desvios na estratégia de defesa que ele passou a adotar nesta fase do processo: a de assumir a responsabilidade por todos os fatos.
Até a defesa preliminar, Valério chegou a atribuir responsabilidades a seus ex-sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach e até a dirigentes do Banco Rural. Para o procurador, a mudança veio após o suposto operador do mensalão se recusar a fechar acordo de delação premiada com a Procuradoria.
O início da instrução do processo do mensalão também evidenciou a articulação entre as defesas dos réus: os advogados dos réus não estão fazendo perguntas que possam prejudicar a defesa de outros acusados. O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, por exemplo, tem feito perguntas a favor de todos os réus. Nas audiências que a Folha acompanhou em Minas, os contatos entre os advogados de defesa foram constantes.
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que a articulação entre os advogados dos réus é a "lógica natural da atuação da defesa no processo". Ele não quis comentar a avaliação da Procuradoria de que Valério age como bode expiatório -"sobre isso não vou emitir opinião antes de ele prestar declarações"- e não falou sobre as perguntas que fez a Delúbio.


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