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Na Câmara, Temer lidera disputa com vantagem de 12 votos
Enquete realizada pela Folha mostra que 269 dizem que votarão no PMDB, mas voto secreto dá margem a traições
73% dos deputados ouvidos reclamam que a Casa tem sofrido muita interferência dos outros Poderes, como a edição de MPs pelo Planalto
MARIA CLARA CABRAL
SOFIA FERNANDES
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se depender da palavra de
seus colegas, o que historicamente não é muito confiável, o
candidato Michel Temer
(PMDB-SP) será eleito já no
primeiro turno amanhã como
novo presidente da Câmara.
Mais da metade dos deputados (269) declarou à Folha
apoio ao peemedebista, em enquete realizada entre os dias 19
e 30 de janeiro, que ouviu 410
congressistas (80% dos 513).
Mesmo com apoio oficial de
15 partidos, a margem de segurança de Temer, segundo a enquete, é de 12 votos -ele precisaria de ao menos 257 votos para não levar a disputa ao segundo turno, na hipótese de os 513
deputados estarem presentes.
Ciro Nogueira (PP-PI) aparece como segundo, com 37 votos. Aldo Rebelo (PC do B-SP)
vem em seguida, com 35, e Osmar Serraglio (PMDB-PR) tem
6. Outros 63 deputados não
quiseram revelar seu candidato. A reportagem entrou em
contato com todos os gabinetes, mas poucos congressistas
do PP -votos, em tese, para Ciro Nogueira- ligaram de volta.
Apesar das declarações, o
histórico de eleições da Mesa
mostra que traições e mentiras
são comuns, já que a votação é
secreta. As bancadas de todos
os partidos vão se reunir hoje
para mais uma rodada de discussão. O voto dos deputados
também pode sofrer alteração
de acordo com o resultado da
eleição do Senado, onde a disputa é concluída primeiro e o
PMDB também é favorito, com
José Sarney (AP).
A enquete também revela o
que os deputados dizem querer
do próximo presidente: pulso
firme para, sobretudo, mudar a
imagem da Casa e fortalecer a
autonomia do Legislativo.
Mais da metade dos entrevistados (73,2%) reclama que a
Câmara tem caído no demérito
da população e sofrido a interferência cotidiana dos outros
Poderes, principalmente do
Executivo, com a frequente
edição de medidas provisórias.
Outros assuntos levantados
como prioridade para o novo
presidente da Casa são a votação das reformas política e tributária e a implementação do
orçamento impositivo.
Segundo a enquete, 60% dos
deputados defenderam a equiparação dos seus rendimentos
com o teto do Judiciário, o que
significa aumentar de R$ 16,5
mil para R$ 24,5 mil o salário
dos congressistas.
Parte afirmou que apoiaria o
aumento salarial acompanhado do corte da verba indenizatória, auxílio mensal com limite de R$ 15 mil destinado ao
ressarcimento de despesas relacionadas ao exercício parlamentar. Com a verba incorporada ao salário, os deputados
não precisariam mais prestar
contas desses gastos.
O discurso, por outro lado, é
o da transparência. Cerca de
76% dos deputados ouvidos defenderam a publicação de toda
nota fiscal de gastos com verba
indenizatória.
A prática, contudo, é diferente. Quando a Folha solicitou
aos 513 deputados federais e 81
senadores que fornecessem cópias das notas de seus gastos,
em 2008, apenas 14 deles atenderam ao pedido.
Colaboraram FERNANDA ODILLA ,
ANGELA PINHO e FELIPE SELIGMAN ,
da Sucursal de Brasília
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