São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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Candidatos no Congresso receberam doação de fornecedores da União

5 dos 6 nomes que disputam as Casas receberam de empresas que têm contratos com o governo federal

ADRIANO CEOLIN
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes da base de apoio do governo Lula, 5 dos 6 congressistas que disputam amanhã as presidências do Senado e da Câmara receberam doações de campanha eleitoral em 2006 de fornecedores que obtiveram recursos da União no ano passado.
São ao todo 35 empresas, que juntas receberam R$ 602 milhões em contratos com o governo federal. O cruzamento foi feito pela Folha com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do Portal da Transparência. Os números também foram checados no Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos do governo.
O único que recebeu doação, mas cuja empresa não obteve recursos da União em 2008, é José Sarney (PMDB). Ele havia recebido da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) R$ 40 mil para a campanha de 2006, e a empresa recebeu R$ 1,3 milhão da União em 2007.
A maior doação do candidato peemedebista veio do seu próprio partido: R$ 548 mil. Esse tipo de receita é classificada como doação oculta. Isso porque os valores são destinados diretamente ao partido, o que dificulta o conhecimento da origem do dinheiro.
Adversário de Sarney, Tião Viana (PT-AC) arrecadou apenas 10% do que o peemedebista em 2006. Foram R$ 163 mil. Dezesseis dos seus doadores receberam R$ 2,7 milhões da União em 2008.
A prestação de contas de Viana também registra "doações ocultas", mas num valor bem mais baixo que Sarney: apenas R$ 8.000. Outra característica das receitas da campanha do petista é a diversidade de doadores -são 44 diferentes.
Em sua prestação de contas, o ex-presidente da República declarou que recebeu doações de apenas 15 fontes. Entre as quais, ele próprio, que diz ter contribuído com R$ 50 mil.
Por meio de suas assessorias, Viana e Sarney negaram relação entre as doações de campanha e suas atuações no Congresso. Ambos ressaltaram que suas contas foram aprovadas pelo TSE e que as doações foram transparentes.

Câmara
Entre os principais doadores da campanha de 2006 dos quatro candidatos na Câmara, há 19 empresas que receberam repasses do governo em 2008.
A lista dos financiadores de Aldo Rebelo (PC do B-SP), Ciro Nogueira (PP-PI), Michel Temer(PMDB-SP) e Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi apresentada ao TSE. Os quatro candidatos fazem parte da base aliada. Todos negam que as doações estejam condicionadas a favores e rechaçam a hipótese de terem facilitado o contato entre os seus respectivos doadores e o governo federal para firmar convênios ou contratos.
"Eu defendo o financiamento público de campanha. Não acredito que uma empresa faça publicidade num jornal para obter favores dos jornalistas nem que uma empresa ajude uma campanha para obter favores dos parlamentares", disse Aldo, ex-líder e ex-ministro de Lula. Ele foi o que mais arrecadou em 2006: R$ 1,4 milhão (o equivalente ao dobro do declarado pelos demais candidatos). Seus seis doadores também foram os que mais faturaram com convênios com a União (R$ 505,9 milhões).
Na lista dos doadores que mais recursos receberam do governo estão duas empreiteiras que financiaram Aldo e Temer. Eles receberam dessas empresas R$ 290 mil e R$ 70 mil, respectivamente. Juntas, elas receberam no ano passado cerca de R$ 264,2 milhões, por serviços prestados aos ministérios das Cidades, dos Transportes, da Integração Nacional e à própria Presidência.


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