São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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Serra intensifica "devoção" a assalariados

De olho em fatia do eleitorado de Lula, tucano investe em discurso de que tem origem humilde e administra para trabalhadores

Estratégia segue resultado de pesquisa que mostra que Dilma não desponta como herdeira de votos do petista nas classes mais baixas


Elisa Rodrigues - 30.jan.10/Futura Press
José Serra discursa na entrega da estação Sacomã do Metrô

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Disposto a conquistar fatia do eleitorado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, José Serra (PSDB), investe, ostensivamente, no discurso de que tem origem humilde e dedica sua administração à "população assalariada".
Antes diluído nas declarações de Serra, o argumento ganhou força na semana passada, quando enalteceu sua devoção ao trabalhador em três solenidades na capital paulista.
No sábado, durante a inauguração da estação Sacomã do Metrô, na região sul da cidade, Serra frisou que a obra "serve à população assalariada, à população trabalhadora".
""Conseguimos expandir, mais ainda, o investimento. É o investimento que serve à população trabalhadora, o investimento na área de transportes urbanos", discursou Serra, minutos depois de o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, comparar a origem do tucano à de Lula.
A estratégia nasce da constatação de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ainda não desponta como herdeira dos votos de Lula nas camadas mais populares do eleitorado. Segundo o último Datafolha, Serra conta com 35% das intenções de voto entre os eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos. Dilma tem 23% nessa faixa.
A vantagem de Serra (37%) sobre Dilma (23%) é de 14 pontos na faixa do eleitorado de dois a cinco salários mínimos.
Essa será a primeira vez em 21 anos que Lula estará fora da disputa pela Presidência da República. E, segundo o Datafolha, 14% dos eleitores com renda mensal de até dois salários mínimos estão indecisos.
O discurso também é um antídoto. Ao repisar sua criação em vila operária, Serra tenta se imunizar da associação à classe alta, imagem que já aderiu ao PSDB. Além disso, dizem tucanos, Serra não é visto pelo eleitorado como filho de feirante.

Origem
Na quarta-feira passada, durante inauguração de uma escola técnica na zona leste, Serra falou de sua infância na Mooca e descreveu sua origem como "das classes mais pobres da população". Em discurso, o governador disse que, na infância, sua aspiração "era fazer o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial]".
"Isso mostra a importância que tinha na cabeça da juventude ligada aos setores mais pobres da população, daí vem minha família, com o ensino técnico, ter uma profissão."
No dia seguinte, ao anunciar a ampliação do Banco do Povo -que faz empréstimos de R$ 200 a R$ 7.500, a 0,7% ao mês-, Serra disse que "as pessoas humildes, trabalhadores, são melhor pagadores".
"Pobre paga dívida com mais pontualidade que rico", discursou Serra, que, em entrevista, perguntou qual é o sinônimo popular para "inadimplência".
Sábado, Serra citou obras na favela de Heliópolis e encerrou o discurso afirmando que o sentido da vida pública é mudar "o país, integrando a população toda no progresso".
"Nunca mais teremos no Brasil progresso excludente."


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