São Paulo, sábado, 01 de março de 2008

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Lula tem inveja de Fidel e de Chávez, afirma líder tucano

Arthur Virgílio diz que presidente gostaria de governar "só com a turma da tapioca"

"Se pudesse, Lula baixaria um decreto extinguindo a oposição", diz Pedro Simon (PMDB-RS); Garibaldi Alves pede cautela ao presidente

ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário provocaram reação imediata de parlamentares da oposição, que acusaram o presidente de querer governar "no regime do eu sozinho".
O líder do PSDB no Senado Federal, Arthur Virgílio (AM), disse que o presidente Lula demonstrou "morrer de inveja" do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e do ex-presidente de Cuba Fidel Castro, que "desprezam" a democracia.
"Ele morre de inveja do Fidel e do Chávez. Adoraria não ter oposição para fiscalizá-lo, mas ele tem que aturar o fato de haver oposição vigilante. A coisa que mais incomoda o presidente é a existência do Poder Legislativo. Se ele pudesse, governava só com a turma da tapioca. Ele não vai implantar o regime do "eu sozinho'", declarou.
Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), "se pudesse, Lula baixaria um decreto extinguindo a oposição".

Críticas
Em discurso, anteontem, durante inauguração de um viaduto em Aracaju (SE), Lula disse que um Poder não pode se intrometer no outro. "Seria tão bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele, o Legislativo apenas nas coisas dele, e o Executivo, nas coisas dele", afirmou, sobre as críticas ao programa Territórios da Cidadania, lançado neste ano, e questionado na Justiça pelo PSDB e pelo DEM.
O presidente do Senado, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou que o presidente deveria ter mais "cautela" com os seus discursos. "Foi a última crítica que ele poderia ter feito. Havia coisas mais legítimas para ele criticar", disse.
A oposição também defendeu o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, acusado por Lula de se comportar como um político em vez de um magistrado.
"Me solidarizo com o ministro Marco Aurélio que é uma pessoa independente", disse o líder tucano no Senado.

Barulho
Aliado do governo, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) ponderou que a oposição sempre faz um grande barulho quando o governo lança programas sociais e que as críticas fazem parte do jogo político. "A oposição de fato faz um barulho grande quando ele lança qualquer programa", afirmou.
O senador concordou com o presidente Lula nas críticas a Marco Aurélio: "O ministro deveria se colocar no lugar dele. De vez em quando, ele extrapola. Não cabe a ele criticar esse tipo de programa", declarou.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Maurício Rands (PE), afirmou que o novo programa do governo pode ser questionado juridicamente, portanto o ministro não deveria se manifestar. "Fiquei surpreendido ao ouvir a declaração do ministro. É inadmissível que em um país com tanta desigualdade e injustiça social alguém possa se colocar contra um programa fundamental para a melhoria da condição de vida da população", afirmou.


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