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Lula tem inveja de Fidel e de Chávez, afirma líder tucano
Arthur Virgílio diz que presidente gostaria de governar "só com a turma da tapioca"
"Se pudesse, Lula baixaria um decreto extinguindo a oposição", diz Pedro Simon (PMDB-RS); Garibaldi Alves pede cautela ao presidente
ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As críticas do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ao
Congresso Nacional e ao Poder
Judiciário provocaram reação
imediata de parlamentares da
oposição, que acusaram o presidente de querer governar "no
regime do eu sozinho".
O líder do PSDB no Senado
Federal, Arthur Virgílio (AM),
disse que o presidente Lula demonstrou "morrer de inveja"
do presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, e do ex-presidente de Cuba Fidel Castro,
que "desprezam" a democracia.
"Ele morre de inveja do Fidel
e do Chávez. Adoraria não ter
oposição para fiscalizá-lo, mas
ele tem que aturar o fato de haver oposição vigilante. A coisa
que mais incomoda o presidente é a existência do Poder Legislativo. Se ele pudesse, governava só com a turma da tapioca.
Ele não vai implantar o regime
do "eu sozinho'", declarou.
Para o senador Pedro Simon
(PMDB-RS), "se pudesse, Lula
baixaria um decreto extinguindo a oposição".
Críticas
Em discurso, anteontem, durante inauguração de um viaduto em Aracaju (SE), Lula disse que um Poder não pode se
intrometer no outro. "Seria tão
bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas
dele, o Legislativo apenas nas
coisas dele, e o Executivo, nas
coisas dele", afirmou, sobre as
críticas ao programa Territórios da Cidadania, lançado neste ano, e questionado na Justiça pelo PSDB e pelo DEM.
O presidente do Senado, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou que o presidente
deveria ter mais "cautela" com
os seus discursos. "Foi a última
crítica que ele poderia ter feito.
Havia coisas mais legítimas para ele criticar", disse.
A oposição também defendeu o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio
Mello, acusado por Lula de se
comportar como um político
em vez de um magistrado.
"Me solidarizo com o ministro Marco Aurélio que é uma
pessoa independente", disse o
líder tucano no Senado.
Barulho
Aliado do governo, o senador
Renato Casagrande (PSB-ES)
ponderou que a oposição sempre faz um grande barulho
quando o governo lança programas sociais e que as críticas
fazem parte do jogo político. "A
oposição de fato faz um barulho
grande quando ele lança qualquer programa", afirmou.
O senador concordou com o
presidente Lula nas críticas a
Marco Aurélio: "O ministro deveria se colocar no lugar dele.
De vez em quando, ele extrapola. Não cabe a ele criticar esse
tipo de programa", declarou.
O líder do PT na Câmara dos
Deputados, Maurício Rands
(PE), afirmou que o novo programa do governo pode ser
questionado juridicamente,
portanto o ministro não deveria se manifestar. "Fiquei surpreendido ao ouvir a declaração do ministro. É inadmissível
que em um país com tanta desigualdade e injustiça social alguém possa se colocar contra
um programa fundamental para a melhoria da condição de vida da população", afirmou.
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