|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente e relator divergem sobre foco da CPI dos Cartões
Senadora tucana defende que investigação comece pelos fatos atuais; deputado petista quer que trabalhos iniciem com depoimento do ministro da CGU
ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Adversários ferrenhos, PSDB
e PT dividirão o comando da
CPI dos Cartões. A convivência
promete ser polêmica. A presidente da CPI, senadora Marisa
Serrano (PSDB-MS), e o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), divergem sobre como devem ser as investigações -desde o foco até como deve ser o
início dos trabalhos.
A seguir, trechos das entrevistas feitas separadamente.
FOLHA - Por onde as investigações
devem começar?
LUIZ SÉRGIO - Acho que o primeiro a ser convidado deve ser
o Jorge Hage [ministro da Controladoria Geral da União] porque foi ele quem criou o site da
transparência [onde são divulgadas as informações sobre os
gastos com os cartões]. Dentro
desse contexto, inclusive, acho
que o ex-ministro [do Planejamento no governo FHC, hoje
no Banco Mundial] Paulo Paiva, que assinou o ato que cria os
cartões, pode dar uma enorme
contribuição. Quais problemas
ele detectou na época?
MARISA SERRANO - O começo de
uma CPI tem que ser a partir
dos fatos conhecidos, que são
de domínio público. Se você
tem uma investigação, você
tem os fatos, é o natural começar por eles.
FOLHA - Qual o foco a CPI deve ter?
LUIZ SÉRGIO - Devemos primeiro
fazer um debate na CPI se o
cartão é bom ou não, se as contas "tipo B" são boas ou não. Eu
acho que os cartões são melhores. Acho que a CPI precisará
debater isso.
MARISA SERRANO - O foco tem
que ser se houve corrupção ou
não e, principalmente, que tipo
de medidas podemos sugerir ao
Congresso para que esses fatos
não se repitam.
FOLHA - Gastos pessoais da Presidência devem ser sigilosos?
LUIZ SÉRGIO - É muito mais uma
questão técnica do que política.
Existem normas e uma prática
estabelecida no Brasil e vamos
aproveitar para fazer o debate.
Há os que acham que tem que
dar publicidade a tudo e há os
que acham fundamental manter sigiloso para segurança.
MARISA SERRANO - O [ex-]presidente FHC escreveu carta para
o Sérgio Guerra [presidente do
PSDB] dizendo que [a CPI] pode investigar tudo porque as
roupas da dona Ruth [Cardoso]
quem pagava era ele. Tem que
se investigar por área de gastos.
Se é material de escritório, uso
pessoal, limpeza. Se eu tenho
uma média de gastos mensal
com compras de alimentação,
por exemplo, de R$ 30 mil, e
num mês gasto R$ 800 mil, alguma coisa está errada e será
preciso verificar.
FOLHA - Há problemas em dividir o
comando da comissão com um partido rival?
LUIZ SÉRGIO - Será muito produtivo se o nosso olhar e de todos
os que estiverem na CPI for de
que é preciso investigar.
MARISA SERRANO - Para mim, nenhum problema. É só não entrar na questão ideológica, mas
da seriedade, compromisso e
de quem é amante da verdade.
FOLHA - A CPI vai investigar os ecônomos da Presidência e expô-los em
depoimentos?
LUIZ SÉRGIO - Se houver entendimento de que não é um aspecto de sigilo, apura-se.
A princípio, pode tudo. Agora, o desenrolar é que vai determinar.
MARISA SERRANO - Vamos investigar, claro. Com relação a
como serão os depoimentos,
quero conversar com o relator
sobre uma proposta a esse respeito [se os ecônomos irão depor em sessão aberta ou fechada], mas isso vai depender dessa conversa.
Texto Anterior: Conservador quer pobre na soleira, diz Lula Próximo Texto: Regras: Governo muda portal e limita uso de veículos Índice
|