São Paulo, sábado, 01 de março de 2008

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Presidente e relator divergem sobre foco da CPI dos Cartões

Senadora tucana defende que investigação comece pelos fatos atuais; deputado petista quer que trabalhos iniciem com depoimento do ministro da CGU

ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Adversários ferrenhos, PSDB e PT dividirão o comando da CPI dos Cartões. A convivência promete ser polêmica. A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), divergem sobre como devem ser as investigações -desde o foco até como deve ser o início dos trabalhos. A seguir, trechos das entrevistas feitas separadamente.

 

FOLHA - Por onde as investigações devem começar?
LUIZ SÉRGIO -
Acho que o primeiro a ser convidado deve ser o Jorge Hage [ministro da Controladoria Geral da União] porque foi ele quem criou o site da transparência [onde são divulgadas as informações sobre os gastos com os cartões]. Dentro desse contexto, inclusive, acho que o ex-ministro [do Planejamento no governo FHC, hoje no Banco Mundial] Paulo Paiva, que assinou o ato que cria os cartões, pode dar uma enorme contribuição. Quais problemas ele detectou na época?
MARISA SERRANO - O começo de uma CPI tem que ser a partir dos fatos conhecidos, que são de domínio público. Se você tem uma investigação, você tem os fatos, é o natural começar por eles.

FOLHA - Qual o foco a CPI deve ter?
LUIZ SÉRGIO -
Devemos primeiro fazer um debate na CPI se o cartão é bom ou não, se as contas "tipo B" são boas ou não. Eu acho que os cartões são melhores. Acho que a CPI precisará debater isso.
MARISA SERRANO - O foco tem que ser se houve corrupção ou não e, principalmente, que tipo de medidas podemos sugerir ao Congresso para que esses fatos não se repitam.

FOLHA - Gastos pessoais da Presidência devem ser sigilosos?
LUIZ SÉRGIO -
É muito mais uma questão técnica do que política. Existem normas e uma prática estabelecida no Brasil e vamos aproveitar para fazer o debate. Há os que acham que tem que dar publicidade a tudo e há os que acham fundamental manter sigiloso para segurança.
MARISA SERRANO - O [ex-]presidente FHC escreveu carta para o Sérgio Guerra [presidente do PSDB] dizendo que [a CPI] pode investigar tudo porque as roupas da dona Ruth [Cardoso] quem pagava era ele. Tem que se investigar por área de gastos. Se é material de escritório, uso pessoal, limpeza. Se eu tenho uma média de gastos mensal com compras de alimentação, por exemplo, de R$ 30 mil, e num mês gasto R$ 800 mil, alguma coisa está errada e será preciso verificar.

FOLHA - Há problemas em dividir o comando da comissão com um partido rival?
LUIZ SÉRGIO -
Será muito produtivo se o nosso olhar e de todos os que estiverem na CPI for de que é preciso investigar.
MARISA SERRANO - Para mim, nenhum problema. É só não entrar na questão ideológica, mas da seriedade, compromisso e de quem é amante da verdade.

FOLHA - A CPI vai investigar os ecônomos da Presidência e expô-los em depoimentos?
LUIZ SÉRGIO -
Se houver entendimento de que não é um aspecto de sigilo, apura-se. A princípio, pode tudo. Agora, o desenrolar é que vai determinar.
MARISA SERRANO - Vamos investigar, claro. Com relação a como serão os depoimentos, quero conversar com o relator sobre uma proposta a esse respeito [se os ecônomos irão depor em sessão aberta ou fechada], mas isso vai depender dessa conversa.


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