|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tasso surge como plano B tucano para vice de Serra
Resultado do Datafolha aumenta pressão para governador anunciar candidatura
A um mês do prazo fatal, Serra expõe a seus aliados angústia acerca da decisão, e partido tenta opção para tornar chapa competitiva
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução da vantagem de 14
para 4 pontos sobre a ministra
Dilma Rousseff (PT), registrada pelo último Datafolha, reforça a pressão do PSDB sobre o
governador José Serra para que
manifeste o quanto antes sua
candidatura à Presidência.
Os números amplificam o assédio ao governador de Minas,
Aécio Neves, para que aceite
ocupar a vice de Serra, mas estimulam um plano B saído do
Nordeste -o senador Tasso Jereissati (CE)- para a chapa.
Para os tucanos, Tasso é alternativa adequada a Aécio.
Vendo em Serra sua única
chance de vitória, o comando
do PSDB espera que o governador avise logo que é candidato.
No sábado, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
disse que a escolha de Tasso
atrairia votos no Nordeste
-onde Dilma, que tinha 3 pontos de vantagem em dezembro,
agora tem 14- e neutralizaria
os ataques de Ciro Gomes.
Em 2002, Tasso abriu uma
ferida no PSDB ao apoiar Ciro
Gomes (então no PPS) em vez
de Serra para presidente. Na
época, justificou que sua prioridade era o Ceará, onde PPS e
PSDB se aliaram para eleger
Lucio Alcântara ao governo.
Segundo a pesquisa publicada ontem pela Folha, Serra
caiu de 37% para 32% com relação ao último levantamento,
em dezembro. A candidata do
PT cresceu de 23% para 28%.
Ciro Gomes (12%) e Marina
Silva (8%) ficaram estagnados.
O vice-governador Alberto
Goldman chamou de "heroico"
o desempenho de Serra, enfatizando que o levantamento
ocorreu depois do lançamento
da candidatura de Dilma.
"É surpreendente, é heroico
que Serra tenha mais de 30%
depois da exposição de Dilma."
O presidente nacional do
PSDB, Sérgio Guerra (PE), se
vale do mesmo argumento.
"Serra não tem campanha nem
a exposição de Dilma. Foi o
tempo deles. Haverá o nosso."
Para o deputado Jutahy Magalhães, Serra voltará a crescer
a partir do lançamento de sua
candidatura. "Este período, até
abril, é o mais difícil", admitiu.
Mas, a um mês do prazo fatal
para o anúncio de sua candidatura, Serra expõe a aliados angústia acerca de sua decisão.
Ao mesmo tempo em que
atua como candidato -patrocinando alianças estaduais e avalizando a montagem de uma
estrutura de pré-campanha-,
consulta conselheiros sobre a
conveniência de abrir mão das
chances de reeleição para concorrer à Presidência. De um colaborador, ouviu que é preferível tentar a reeleição.
Pela lei, Serra tem até 3 de
abril para se afastar do governo
para concorrer a outro cargo
eletivo que não a reeleição.
No ano passado, Serra pediu
ao PSDB suporte eleitoral nos
Estados como condição para
uma vitória em outubro. Mas,
até hoje, o partido não definiu
candidatos nem onde estão os
seus principais líderes, como
Ceará e Amazonas.
E sinais -como o fato de o
deputado Ciro Gomes e Dilma
terem sido convidados para a
comemoração, organizada pelo
governo mineiro, do centenário de Tancredo Neves, quinta-feira, em Belo Horizonte- só
alimentam essa insegurança.
Enquanto o PT sacrifica seus
candidatos em nome de uma
aliança com o PMDB, a governadora Yeda Crusius não desiste da reeleição por um acordo
com o prefeito de Porto Alegre,
José Fogaça (PMDB).
Além da fragilidade dos palanques, Serra não esconde sua
preocupação com a comunicação do partido. Com menor
tempo na TV, ele não vê como o
PSDB pode blindá-lo de boatos
disseminados pelos petistas.
Outro alvo de apreensão é o
risco de explosão de gastos do
governo federal no próximo
mandato. No PSDB, há quem
defenda como ideal que Dilma
assuma a conta para que o tucanato volte ao poder em 2014.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Pesquisa enterra plano de Ciro, avaliam petistas Índice
|