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Lula diz que fez "milagre" na economia
FÁBIO ZANINI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem que seu governo
operou um "milagre" na política
econômica ao conseguir criar um
ambiente que tem possibilitado
trajetórias descendentes do dólar
e do risco-país, mesmo com a
atual turbulência internacional.
O auto-elogio veio em um discurso ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, ontem à tarde.
"A situação econômica mundial
não é das mais promissoras, pelo
menos nesse momento que estamos vivendo. Mas nós conseguimos um certo milagre diante dos
descrentes", afirmou Lula.
Dizendo-se "mais otimista do
que nunca", Lula procurou propagandear aspectos positivos na
economia, em um momento em
que crescem críticas de imobilismo na área social. Citou a retomada de linhas de crédito internacionais às exportações como resultado da "seriedade" do governo.
O presidente declarou que conseguiu evitar a repetição da crise
econômica argentina, ao contrário do que foi sugerido por seu ex-adversário José Serra (PSDB) na
campanha.
"Havia quem dissesse que o
Brasil poderia virar uma Argentina nos primeiros meses de governo. E nós estamos remando num
rumo muito mais promissor do
que muita gente acreditava."
Ele disse ainda que não tem
pressa em assistir à melhora dos
indicadores econômicos do país,
exemplificando com o dólar. "O
dólar cai devargazinho, mas é
bom, porque, quanto mais devagar cair, mais sólida é a queda."
Falando de improviso, Lula
adotou tom diferente do normalmente usado por alguns auxiliares ao tratar de ações do governo.
Disse, por exemplo, que foi necessário que Antonio Palocci Filho
[Fazenda] promovesse um "corte" de R$ 14 bilhões no Orçamento para equilibrar as contas, deixando de lado o eufemismo "contingenciamento de despesas",
preferido no governo.
Ação no Congresso
O presidente disse que o Planalto atuou para eleger os presidentes da Câmara e do Senado, seus
aliados, o que nunca havia sido
reconhecido oficialmente. "Não
foi fácil o trabalho que esse governo fez, sob a coordenação do José
Dirceu [Casa Civil], para articular
maioria no Congresso, para eleger os presidentes da Câmara, do
Senado. São coisas que pareciam
impossíveis em janeiro."
Lula previu que as reformas tributária e previdenciária chegarão
ao Congresso no primeiro semestre, mas não estipulou data. E disse que não cederá a pressões para
apressar o ritmo das reformas.
"Temos pensado cada gesto, não
temos trabalhado no afogadilho
daqueles que querem nos apressar a tomar posição. Vamos trabalhar de acordo com o calendário estabelecido por nós."
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