São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Questão ambiental e Irã tensionam encontro

DO ENVIADO A CAMP DAVID

A presença da Petrobras no Irã e a preocupação do Brasil com o aquecimento global levaram tensão ao encontro de Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush em Camp David.
"Eu estou convencido de que a Petrobras vai continuar investindo e pesquisando no Irã", disse Lula, em resposta a uma pergunta sobre pressão recente que o embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, fez à direção da empresa brasileira quanto à sua presença no país persa, qualificado como um dos integrantes do "eixos do mal" pelo governo Bush.
Ao lado do americano, em fala à imprensa estrangeira reunida no retiro, depois de uma reunião de trabalho e antes de um jantar informal, Lula disse que o Irã "tem sido um parceiro comercial importante do Brasil, nos comprou mais de US$ 1 bilhão de dólares e não nos vendem quase nada". Ele fez confusão quanto à atuação do Conselho de Segurança da ONU.
"Tem os problemas políticos dentro de cada país, mas até agora o Irã não tem sido vítima de nenhuma sanção proposta pela ONU", afirmou. Na verdade, por pressão dos EUA, o conselho já aprovou duas sanções. "Eu sei que tem divergência política entre o Irã e outros países, no Brasil nós não temos nenhuma divergência política, portanto vamos continuar trabalhando com o Irã naquilo que for do interesse do Brasil."
Ao seu lado, Bush responderia de maneira firme. "Cada nação toma as decisões que são de seu interesse, são decisões soberanas e, como mencionado, o comércio em discussão não está em violação de nenhuma sanção da ONU", começou. "Nossa posição é que esperamos que as nações sejam muito cuidadosas, particularmente em relação ao Irã, que busca desenvolver armas nucleares, o que ameaça de maneira importante a paz mundial."
Bush disse ter "profunda preocupação com um governo fraco que viola acordos internacionais na tentativa de desenvolver armas nucleares". "Qualquer comentário que você ouvir refletirá essa preocupação, e continuaremos a alertar a comunidade internacional ao dizer que é do interesse mundial e da paz que o Irã não desenvolva armas nucleares."

Meio ambiente
Outro ponto de atrito no relato de uma reunião que, segundo ambos os presidentes, tratou de rodadas comerciais, biocombustíveis, ajuda a países da América Latina e da África e reforma do Conselho de Segurança da ONU, foi a questão do meio ambiente. Lula disse que é um problema ao qual "não temos mais como virar as costas".
"Ou nós cuidamos da Terra com o carinho com que nós cuidamos de um filho nosso ou todos nós iremos nos arrepender", afirmou o brasileiro.
Sobre a maneira como os países cuidam da questão, Lula afirmou que era um assunto a ser tratado no século 21 e "do qual não tratamos bem no século 20: "Temos interesses parecidos, o problema é saber o tempo e como fazer. O problema da questão climática hoje é como se fosse uma doença grave, ela não tem distinção social, vai atingir o planeta todo."
"O aquecimento global é uma realidade que nos ameaça pela terra, pelo ar, pelas águas, um abraço enigmático que nos abraça a todos indistintamente em qualquer ponto", afirmou.
Bush defendeu-se timidamente, dizendo que a preocupação com o meio ambiente era "uma das razões" de sua proposta de substituir progressivamente o consumo de gasolina por álcool combustível.


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