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Questão ambiental e Irã tensionam encontro
DO ENVIADO A CAMP DAVID
A presença da Petrobras no
Irã e a preocupação do Brasil
com o aquecimento global levaram tensão ao encontro de Luiz
Inácio Lula da Silva e George
W. Bush em Camp David.
"Eu estou convencido de que
a Petrobras vai continuar investindo e pesquisando no Irã",
disse Lula, em resposta a uma
pergunta sobre pressão recente
que o embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel,
fez à direção da empresa brasileira quanto à sua presença no
país persa, qualificado como
um dos integrantes do "eixos
do mal" pelo governo Bush.
Ao lado do americano, em fala à imprensa estrangeira reunida no retiro, depois de uma
reunião de trabalho e antes de
um jantar informal, Lula disse
que o Irã "tem sido um parceiro
comercial importante do Brasil, nos comprou mais de US$ 1
bilhão de dólares e não nos vendem quase nada". Ele fez confusão quanto à atuação do Conselho de Segurança da ONU.
"Tem os problemas políticos
dentro de cada país, mas até
agora o Irã não tem sido vítima
de nenhuma sanção proposta
pela ONU", afirmou. Na verdade, por pressão dos EUA, o conselho já aprovou duas sanções.
"Eu sei que tem divergência política entre o Irã e outros países,
no Brasil nós não temos nenhuma divergência política, portanto vamos continuar trabalhando com o Irã naquilo que
for do interesse do Brasil."
Ao seu lado, Bush responderia de maneira firme. "Cada nação toma as decisões que são de
seu interesse, são decisões soberanas e, como mencionado, o
comércio em discussão não está em violação de nenhuma
sanção da ONU", começou.
"Nossa posição é que esperamos que as nações sejam muito
cuidadosas, particularmente
em relação ao Irã, que busca desenvolver armas nucleares, o
que ameaça de maneira importante a paz mundial."
Bush disse ter "profunda
preocupação com um governo
fraco que viola acordos internacionais na tentativa de desenvolver armas nucleares".
"Qualquer comentário que você ouvir refletirá essa preocupação, e continuaremos a alertar a comunidade internacional
ao dizer que é do interesse
mundial e da paz que o Irã não
desenvolva armas nucleares."
Meio ambiente
Outro ponto de atrito no relato de uma reunião que, segundo ambos os presidentes,
tratou de rodadas comerciais,
biocombustíveis, ajuda a países
da América Latina e da África e
reforma do Conselho de Segurança da ONU, foi a questão do
meio ambiente. Lula disse que
é um problema ao qual "não temos mais como virar as costas".
"Ou nós cuidamos da Terra
com o carinho com que nós cuidamos de um filho nosso ou todos nós iremos nos arrepender", afirmou o brasileiro.
Sobre a maneira como os países cuidam da questão, Lula
afirmou que era um assunto a
ser tratado no século 21 e "do
qual não tratamos bem no século 20: "Temos interesses parecidos, o problema é saber o
tempo e como fazer. O problema da questão climática hoje é
como se fosse uma doença grave, ela não tem distinção social,
vai atingir o planeta todo."
"O aquecimento global é uma
realidade que nos ameaça pela
terra, pelo ar, pelas águas, um
abraço enigmático que nos
abraça a todos indistintamente
em qualquer ponto", afirmou.
Bush defendeu-se timidamente, dizendo que a preocupação com o meio ambiente era
"uma das razões" de sua proposta de substituir progressivamente o consumo de gasolina
por álcool combustível.
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