São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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Cabral "se confunde" e chama Dilma de presidente no Rio

Governador se movimenta para tentar ser candidato a vice-presidente em 2010

"A ministra Dilma nesse momento merece o nosso apoio, nossa homenagem por tudo que tem feito em defesa do povo", disse ele

Rafael Andrade/Folha Imagem
Cabral e Lula em Itaboraí (RJ), com imagem de Dilma ao fundo


JANAINA LAGE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi chamada ontem de presidente pelo governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), durante a inauguração das obras de terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em Itaboraí (cidade na região metropolitana do Rio). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participava da cerimônia.
A declaração ocorreu durante discurso do governador. Cotada para concorrer à sucessão presidencial pelo PT, a ministra acaba de ter seu nome envolvido na divulgação de um dossiê -que ela denomina de banco de dados- sobre gastos dos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a partir de 1998.
Após chamar a ministra de presidente, Cabral, disse ter se confundido: "Esse Comperj aqui tem a rubrica da presidente... da ministra Dilma. Já estou confundindo as bolas. O PAC de um modo geral tem as mãos da ministra Dilma, a ministra Dilma nesse momento merece o nosso apoio, a nossa homenagem por tudo que tem feito em defesa do povo brasileiro".
Conforme a Folha publicou em 9 de março, Cabral tem se movimentado nos bastidores para tentar ser candidato a vice-presidente em 2010. Ele tem tratado dessa hipótese com quatro presidenciáveis: além de Dilma, com o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
Pela manhã em Itaboraí, Dilma não discursou. À tarde, em palanque no centro de Duque de Caxias (na Baixada Fluminense), ela fez um pronunciamento de dez minutos para cerca de mil pessoas, a respeito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Como ocorrera no Rio no início do mês passado, Lula chamou a ministra de "mãe do PAC".
No discurso, Dilma disse que as obras na Baixada Fluminenses, orçadas em R$ 691 milhões, vão "levar água, dar qualidade de vida" e "permitir um crescimento econômico que leve ao aumento de consumo".
"Queremos criar oportunidades, sobretudo de riqueza", afirmou. A ministra não falou com jornalistas. Ficou o tempo todo ao lado de Lula, que a chamou para a frente do palanque.
Em Itaboraí, ladeada pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, Dilma foi convidada a descerrar a placa de início das obras. Antes disso, Cabral, ao discursar, havia afirmado que gostaria de "fazer justiça a quem merece". Disse que Dilma comandava o PAC.
"Temos uma pessoa que acredita no Brasil, que acredita no desenvolvimento econômico e social do Brasil e que, com sua visão, sua obstinação, com seu amor ao povo brasileiro e com um profundo conhecimento, algo absolutamente raro, que é ter sensibilidade política e conhecimento técnico, está botando o Programa de Aceleração do Crescimento em prática", afirmou.
Se Cabral fez elogios diretos a Dilma, Lula se limitou a citá-la nos cumprimentos. Em seu discurso, ele preferiu se concentrar na necessidade de o país aproveitar o momento favorável da economia, além de destacar Cabral como parceiro de realizações. "Quis Deus que o Rio de Janeiro elegesse Sérgio Cabral (...). Porque antes, a gente não tinha com quem conversar no Rio, porque existia alguém aqui que achava que ia disputar [a eleição de 2006] comigo", disse em referência a Anthony Garotinho, ex-governador e marido da antecessora de Cabral, Rosinha Matheus.


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