São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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JANIO DE FREITAS

De olhos nas sucessões


No Datafolha, liderança de Serra está mais para aparência aritmética que para indicação de preferência real do eleitor

A LIDERANÇA DE José Serra, no Datafolha sobre a sucessão presidencial, está mais para aparência aritmética do que para indicação de preferência real do eleitorado, na atualidade. Ciro Gomes, considerada sua escassa exposição desde que deixou o ministério (e mesmo então já era um tanto rarefeita), mostra melhor situação relativa do que Serra, nas combinações de possíveis candidatos em que ambos figuram.
Nas três formulações do Datafolha em que Serra, Ciro e Heloísa Helena competem, primeiro, com Marta Suplicy, depois com Dilma Rousseff e por fim com Patrus Ananias, há duas evidências constantes. Uma, a de que, até agora, nenhum dos que revezam causa abalo às posições do trio permanente. Outra, a de que todos os adversários de Serra, na pesquisa, são de partidos que estariam somando seus eleitorados contra ele, no segundo turno insinuado pela divisão de votos.
Em tal situação, a aparente liderança de Serra, com 36 ou 38%, perde ou empata com a soma dos adversários. Teria 36% contra 40% dos adversários unidos, se incluída Marta Suplicy; 38% contra 37%, condição de empate por margem de erro, se Dilma Rousseff substitui Marta; e os mesmos percentuais se o petista Patrus Ananias substitui as também petistas. Como segundo colocado sempre, Ciro Gomes tem a situação privilegiada de catalisador contra José Serra.
Em tal segundo turno, a decisão estaria escondida nos 9% que "não sabem" a quem preferem, na lista apresentada. Isso, supondo-se que os 16% da rubrica "em branco/nulo/nenhum" não entrem com uma quota de reanimados. Ou não aumentem seu contingente.
Com a retirada de José Serra e a entrada de Aécio Neves, mantidos os mesmos três do revezamento, Ciro Gomes lidera sempre, com boas distâncias, apesar de não subir até os percentuais de Serra na composição anterior de concorrentes. Mas, sendo todos os candidatos de linhagens políticas semelhantes em muitos pontos, por ora é impossível presumir os caminhos que os excluídos do segundo turno dariam aos seus eleitorados, para a votação final.

Beira-mar
A disputa por candidaturas para a Prefeitura do Rio parece, aos olhos de muitos, uma competição de rasteiras. Dizem até, alguns, que competição de traições. Nada de mais, talvez, desde que Lula deu as características de seu governo. No centro da arena e se irradiando para todos os lados, o repentino acordo feito pelo governador Sérgio Cabral, do PMDB, com Lula como uma das partes, para apoiar o jovem petista Alessandro Molon, antes visto como um dos adversários mais ferinos dos peemedebistas.
O problema de Molon é convencer, o que exige começar por convencer-se, de que é mesmo o companheiro candidato de Lula. Tudo indica que a operação é para favorecer, no segundo turno, o verdadeiro candidato de Lula: senador Marcelo Crivella, que se notabilizou como bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e tem contra si os católicos e o que haja de forte na mídia do Rio.
Mas o acordo está dado como definitivo e decisivo sem que, no entanto, seja considerado um risco à sua frente. As partes do acordo o firmaram só por decisão pessoal. E há diretórios estadual e municipal, com nítidas insatisfações, e ainda a convenção a serem ouvidos.
Para estar coerente com o que se passa na cidade, ainda haverá muita desordem antes do que seja, de fato, uma jogada definitiva e decisiva de Lula para controlar a sucessão carioca.


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