São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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Dilma critica "viúvos da estagnação"

Em discurso de despedida, petista diz que não dá "adeus", mas "um até breve"

Candidata afirma que não vê campanha eleitoral como "voo solo': "Não pretendo me desvencilhar do governo do presidente Lula", disse


SIMONE IGLESIAS
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na cerimônia de despedida da Casa Civil para entrar de vez na campanha pela Presidência, Dilma Rousseff (PT), 62, chamou de "viúvos da estagnação" os que criticam o governo Lula.
Outros nove ministros também deixaram o Planalto para concorrer na eleição, mas apenas Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursaram, com provocações e ataques à gestão dos tucanos.
Em seu discurso de despedida depois de quatro anos e meio na Casa Civil, a ex-ministra disse ainda que a vida de milhões de brasileiros mudou e que o povo não aceitará mais "migalhas" e "projetos inacabados".
"Sabemos que aqueles que lamentam, os viúvos do Brasil que crescia pouco, da estagnação, fingem ignorar que essa mudança é substancial. Têm medo", disse. Seguindo na linha das críticas à gestão anterior, sugeriu que ministros da gestão FHC não tiveram o "legado" dos atuais ministros.
"Nós nos orgulhamos de ter participado do governo Lula. Não importa agora perguntar por que alguns não têm orgulho dos governos que participaram. Eles devem ter seus motivos."
Na segunda-feira, Dilma já havia chamado de "omisso" o "Estado mínimo" de FHC.
A pré-candidata discursou por pouco mais de meia hora, tentando incorporar pontos que são comuns nos discursos de Lula. Citou casos da vida comum, de pessoas pobres atendidas pelo governo. Deixou de lado a sua característica fala técnica, recheada de dados econômicos, e ensaiou até verve ambientalista, dizendo que quem ama o planeta cuida dele.
Levou sua substituta, Erenice Guerra, às lágrimas quando contou história repetida dezenas de vezes por Lula, da mãe que viu o filho dormindo pela primeira vez quando a energia elétrica chegou à sua casa.
A ex-ministra se emocionou em alguns momentos e embargou a voz ao falar de sua participação no governo e na confiança de Lula em seu trabalho.
Disse que não daria "adeus", mas "um até breve" e que está preparada para a campanha eleitoral porque já enfrentou situações mais difíceis.
Segundo ela, os sete anos e meio em que trabalhou no governo (antes da Casa Civil, estava em Minas e Energia) serviram como "um dos melhores treinos" para a disputa. "Fui preparada na vida para coisas muito mais duras do que uma eleição. Minha vida não foi uma coisa muito fácil. Difícil mesmo era aguentar a ditadura."
Dilma deixou claro que não se afastará de Lula e que não encara a candidatura como "voo solo". "Não pretendo me desvencilhar do governo do presidente Lula", disse, ao completar que ele lhe inspira e que defenderá seu "legado".


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