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Dilma critica "viúvos da estagnação"
Em discurso de despedida, petista diz que não dá "adeus", mas "um até breve"
Candidata afirma que não vê campanha eleitoral como "voo solo': "Não pretendo me desvencilhar do governo do presidente Lula", disse
SIMONE IGLESIAS
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na cerimônia de despedida
da Casa Civil para entrar de vez
na campanha pela Presidência,
Dilma Rousseff (PT), 62, chamou de "viúvos da estagnação"
os que criticam o governo Lula.
Outros nove ministros também deixaram o Planalto para
concorrer na eleição, mas apenas Dilma e o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva discursaram, com provocações e ataques à gestão dos tucanos.
Em seu discurso de despedida depois de quatro anos e meio
na Casa Civil, a ex-ministra disse ainda que a vida de milhões
de brasileiros mudou e que o
povo não aceitará mais "migalhas" e "projetos inacabados".
"Sabemos que aqueles que lamentam, os viúvos do Brasil
que crescia pouco, da estagnação, fingem ignorar que essa
mudança é substancial. Têm
medo", disse. Seguindo na linha
das críticas à gestão anterior,
sugeriu que ministros da gestão
FHC não tiveram o "legado"
dos atuais ministros.
"Nós nos orgulhamos de ter
participado do governo Lula.
Não importa agora perguntar
por que alguns não têm orgulho
dos governos que participaram.
Eles devem ter seus motivos."
Na segunda-feira, Dilma já
havia chamado de "omisso" o
"Estado mínimo" de FHC.
A pré-candidata discursou
por pouco mais de meia hora,
tentando incorporar pontos
que são comuns nos discursos
de Lula. Citou casos da vida comum, de pessoas pobres atendidas pelo governo. Deixou de
lado a sua característica fala
técnica, recheada de dados econômicos, e ensaiou até verve
ambientalista, dizendo que
quem ama o planeta cuida dele.
Levou sua substituta, Erenice Guerra, às lágrimas quando
contou história repetida dezenas de vezes por Lula, da mãe
que viu o filho dormindo pela
primeira vez quando a energia
elétrica chegou à sua casa.
A ex-ministra se emocionou
em alguns momentos e embargou a voz ao falar de sua participação no governo e na confiança de Lula em seu trabalho.
Disse que não daria "adeus",
mas "um até breve" e que está
preparada para a campanha
eleitoral porque já enfrentou
situações mais difíceis.
Segundo ela, os sete anos e
meio em que trabalhou no governo (antes da Casa Civil, estava em Minas e Energia) serviram como "um dos melhores
treinos" para a disputa. "Fui
preparada na vida para coisas
muito mais duras do que uma
eleição. Minha vida não foi uma
coisa muito fácil. Difícil mesmo
era aguentar a ditadura."
Dilma deixou claro que não
se afastará de Lula e que não
encara a candidatura como
"voo solo". "Não pretendo me
desvencilhar do governo do
presidente Lula", disse, ao
completar que ele lhe inspira e
que defenderá seu "legado".
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