São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Partido condiciona recomposição com PSDB à troca de Serra

PFL segue sem candidato e descarta Ciro e Garotinho

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após mais de três horas de conversa anteontem no Palácio do Jaburu, o PFL praticamente descartou a hipótese de apoiar Ciro Gomes (PPS) ou Anthony Garotinho (PSB) na eleição presidencial. Mas, embora nenhum veto explícito tenha sido feito a José Serra, ainda condiciona uma recomposição eleitoral com o governo à mudança do candidato do PSDB.
Houve consenso de que o melhor para a legenda será ficar sem candidato à Presidência -tese que agrada aos partidários de Serra. Mas a sigla vai esperar até 6 junho para se definir oficialmente.
Até lá, cada ala vai tentar fazer prevalecer seu ponto de vista. Minoritários na cúpula, os que defendem o apoio a Serra esperam que, nestes 35 dias, a rejeição ao tucano diminua na direção e nas bancadas. A outra ala espera que o tempo comprove a suposta inviabilidade eleitoral de Serra.
A reação negativa dos mercados ao crescimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) serve de pretexto tanto para quem quer apoiar Serra como para quem quer vê-lo substituído para permitir a recomposição eleitoral do PFL com o governo.
A defesa mais enfática do apoio a Serra partiu do governador Jaime Lerner (PR). Segundo ele, ao contrário de partidos como o PMDB, o PPB e o PTB, o PFL não apóia o governo, o PFL é governo, e foi eleito juntamente com o presidente Fernando Henrique Cardoso. E Serra é o único pré-candidato que manifestou a intenção de dar continuidade aos programas do governo, que são, na sua opinião, os programas do PFL.
O ex-senador Antonio Carlos Magalhães patrocinou a outra tese. Ele insistiu que o tucano perderá a eleição para Lula.
O governador do Tocantins, Siqueira Campos, amenizou o discurso pró-Serra. Disse que sua posição sempre fora de apoio a FHC. O anfitrião Marco Maciel, que em Pernambuco é aliado do PSDB, não defendeu posição.
O senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, apresentou aos principais líderes os resultados da consulta a 118 deputados e senadores, segundo a qual 87% da bancada apoiaria outro candidato do PSDB, se não fosse Serra. A cúpula torceu o nariz para a opção Silvio Santos, que nunca teve nenhuma atuação partidária, embora seja filiado.
A hipótese de apoio a Ciro também perdeu peso. ACM, seu principal patrocinador, acha que ela somente seria viável se o pré-candidato afastasse o senador Roberto Freire (PPS-PE) do comando da campanha. As tentativas do senador José Sarney (PMDB-AP) para tentar evitar a aliança do PMDB com o PSDB, o que poderia inviabilizar Serra, também não são levadas muito a sério no PFL.
No que se refere a Garotinho, um episódio regional desperta a atenção pefelista: Eduardo Campos (PSB-PE), neto de Miguel Arraes, desistiu de concorrer ao governo de Pernambuco. Isso pode sinalizar uma reaproximação de Arraes com o PT. Se confirmado, será o maior embaraço para a candidatura de Garotinho.


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