São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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Presidente adia o pacote do 1º de Maio

KENNEDY ALENCAR
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adiar o anúncio do pacote de medidas para geração emergencial de empregos que pretendia lançar por ocasião do 1º de Maio. Motivos: avaliou que pareceria jogada política para amenizar a repercussão negativa do aumento real do salário mínimo de apenas 1,2% e recebeu um relato do ministro José Dirceu (Casa Civil) de que as medidas ainda não estão "maduras". O presidente avaliava até ontem se mencionará hoje, em pronunciamento após uma missa, a intenção de lançar em breve medidas para gerar empregos. Hoje, às 9h, Lula participa da tradicional missa do Dia do Trabalho, realizada desde 1980 na Igreja Matriz de São Bernardo do Campo. Essa missa nasceu como protesto à prisão de Lula e de dirigentes sindicais naquele ano. Um dos objetivos do "Pacote de 1º de Maio", como as medidas são chamadas no governo, era mesmo amenizar a repercussão negativa do mínimo -a partir de hoje, ele passa de R$ 240 para 260. Mas Lula acha que pode pegar mal, soar como desculpa. Por isso, ele pretende justificar a decisão em relação ao mínimo, dizendo que teve de fazer uma escolha "responsável". "Estou governando pensando nos meus netos", tem sido o comentário de Lula ao admitir que o reajuste do mínimo teve péssima repercussão, inclusive no ABC paulista, seu berço sindical e político.
Medidas
As medidas são voltadas para jovens e idosos, projetos sociais (saúde, por exemplo) e investimentos em infra-estrutura (habitação, saneamento e transportes). Ontem, o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) afirmou que o governo irá liberar de uma só vez os recursos referentes a perdas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) que aposentados com mais de 60 anos tiveram devido aos planos econômicos Verão e Collor 1. Dirceu está encarregado de centralizar as cifras das medidas e o número de empregos que o pacote pretende gerar. A Folha apurou que, além de dobrar o contingente de 50 mil jovens que se alistam nas Forças Armadas todos os anos, o governo pretende usar as estruturas militares para atender a outros 100 mil jovens por ano. A idéia é dar aos 50 mil novos recrutas treinamento militar e profissionalizante por um ano. Já os outros 100 mil jovens deverão receber apenas treinamento profissionalizante. Outras medidas serão em infra-estrutura, especialmente em transportes, habitação popular e saneamento. Dirceu fechava ontem as cifras dessa área. A pasta dos Transportes, por exemplo, vai lançar um programa de recuperação de estradas. A idéia é oferecer um programa bilionário para habitação popular e saneamento, especialmente nas regiões metropolitanas, onde o índice de violência e de desemprego são maiores.



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