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Presidente
adia o pacote
do 1º de Maio
KENNEDY ALENCAR
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu adiar o anúncio do
pacote de medidas para geração
emergencial de empregos que
pretendia lançar por ocasião do 1º
de Maio. Motivos: avaliou que pareceria jogada política para amenizar a repercussão negativa do
aumento real do salário mínimo
de apenas 1,2% e recebeu um relato do ministro José Dirceu (Casa
Civil) de que as medidas ainda
não estão "maduras".
O presidente avaliava até ontem
se mencionará hoje, em pronunciamento após uma missa, a intenção de lançar em breve medidas para gerar empregos. Hoje, às
9h, Lula participa da tradicional
missa do Dia do Trabalho, realizada desde 1980 na Igreja Matriz de
São Bernardo do Campo. Essa
missa nasceu como protesto à prisão de Lula e de dirigentes sindicais naquele ano.
Um dos objetivos do "Pacote de
1º de Maio", como as medidas são
chamadas no governo, era mesmo amenizar a repercussão negativa do mínimo -a partir de hoje,
ele passa de R$ 240 para 260. Mas
Lula acha que pode pegar mal,
soar como desculpa.
Por isso, ele pretende justificar a
decisão em relação ao mínimo,
dizendo que teve de fazer uma escolha "responsável". "Estou governando pensando nos meus netos", tem sido o comentário de
Lula ao admitir que o reajuste do
mínimo teve péssima repercussão, inclusive no ABC paulista,
seu berço sindical e político.
Medidas
As medidas são voltadas para
jovens e idosos, projetos sociais
(saúde, por exemplo) e investimentos em infra-estrutura (habitação, saneamento e transportes).
Ontem, o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) afirmou que o
governo irá liberar de uma só vez
os recursos referentes a perdas do
FGTS (Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço) que aposentados com mais de 60 anos tiveram
devido aos planos econômicos
Verão e Collor 1.
Dirceu está encarregado de centralizar as cifras das medidas e o
número de empregos que o pacote pretende gerar.
A Folha apurou que, além de
dobrar o contingente de 50 mil jovens que se alistam nas Forças Armadas todos os anos, o governo
pretende usar as estruturas militares para atender a outros 100 mil
jovens por ano. A idéia é dar aos
50 mil novos recrutas treinamento militar e profissionalizante por
um ano. Já os outros 100 mil jovens deverão receber apenas treinamento profissionalizante.
Outras medidas serão em infra-estrutura, especialmente em
transportes, habitação popular e
saneamento. Dirceu fechava ontem as cifras dessa área. A pasta
dos Transportes, por exemplo, vai
lançar um programa de recuperação de estradas. A idéia é oferecer
um programa bilionário para habitação popular e saneamento, especialmente nas regiões metropolitanas, onde o índice de violência
e de desemprego são maiores.
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