São Paulo, domingo, 01 de maio de 2005

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PAINEL

Plano de vôo 1
Está na Casa Civil um anteprojeto, com a chancela da Defesa e da Fazenda, que transforma a Infraero, hoje pública, em empresa de economia mista. A proposta é alienar 49,9% do capital social à iniciativa privada.

Plano de vôo 2
Na justificativa do projeto, o ministro e vice José Alencar enumera: necessidade de capitalização da Infraero junto à iniciativa privada para investimentos em infra-estrutura aeroportuária, flexibilização de gestão e competitividade no exterior.

Perdas e ganhos
Estudo feito pela Infraero e anexado ao anteprojeto estima que a abertura de 49,9% do capital social arrecadará R$ 1 bi. Só a dívida das empresas aéreas com a estatal supera R$ 1,5 bi.

Escravos de Jó
De José Carlos Aleluia (PFL-BA), sobre a escolha de Murilo Portugal, ex-secretário do Tesouro de FHC, para ser o segundo de Antonio Palocci: "Em resumo, o que o PT sabe fazer é mudar tucano de lugar".

Código genético
Com a troca promovida na equipe econômica, muda o DNA da influência tucana sobre o Ministério da Fazenda do governo petista. Marcos Lisboa era próximo de Tasso Jereissati. Murilo Portugal é puro FHC.

Segunda época
O MEC divulga nesta semana nova versão de sua proposta de reforma universitária, com alterações sugeridas por entidades. Como o tema é espinhoso, Tarso Genro já prevê a necessidade de outra reedição antes de enviar a matéria ao Congresso.

Acordo de paz
No governo, ninguém acha que o PT gaúcho abrirá mão de candidato próprio para apoiar o PMDB e facilitar a aliança da sigla com Lula. Segundo um petista, o Rio Grande do Sul é como Jerusalém nas negociações no Oriente Médio: "caso à parte".

Lotes disponíveis
A Central Única dos Trabalhadores, que no passado tanto criticou o Primeiro de Maio "empresarial" da Força Sindical, promove hoje um evento cuja camiseta oficial lista nada menos que 19 patrocinadores.

Mercado aberto
Dos apoiadores da festa da CUT, dez são empresas privadas, entre elas a Votorantim de Antonio Ermírio de Moraes. Há também multinacionais e privatizadas no rol de anunciantes.

Chapa-branca
O Primeiro de Maio da CUT conta, ainda, com a marca oficial do governo Lula e de nada menos que oito estatais federais.

Torniquete
Segundo estudo da assessoria econômica do PSDB, a carga tributária federal sobre o trabalho (considerando apenas o Imposto de Renda e as contribuições para a Previdência) subiu de 6,95% em 2002, último ano de FHC, para 7,86% em 2004.

Ventania 1
Balança a árvore do diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, que ganhou fama no episódio da compra, pelo banco, de ingressos para show destinado a arrecadar fundos para o PT.

Ventania 2
Integrante do comitê financeiro da campanha de Lula em 2002, Pizzolato sobreviveu ao escândalo dos ingressos, mas hoje sua atuação no marketing do Banco do Brasil é considerada insatisfatória pelo ministro Luiz Gushiken (Secom).

Sem intermediários
A Prefeitura de São Paulo tem informações de que membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que já exerciam influência sobre cooperativas de perueiros, em alguns casos agora assumiram diretamente o negócio.

TIROTEIO

Do jornalista e deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) sobre a primeira coletiva de Lula:
-O ponto alto da entrevista se deu quando o presidente disse que era difícil achar erro em seu governo, e todo mundo riu. Embora todos estivessem ali encenando um script, o conceito dos jornalistas sobre o governo se manifestou naquela risada.

CONTRAPONTO

Antes ele do que eu

Em Ouro Preto (MG), no 21 de abril, Antonio Palocci era um petista cercado de tucanos e outras aves hostis por quase todos os lados. Agraciado com a medalha da Inconfidência, o ministro da Fazenda enfrentou impávido uma cerimônia em que o anfitrião, Aécio Neves, protestou contra a centralização de recursos promovida pela União.
Presentes ao evento, administradores de outros Estados ecoaram as palavras do colega.
Encerrada a programação oficial na praça Tiradentes, as autoridades se dirigiram a uma van que as tiraria do centro de Ouro Preto. Ao entrar no carro, onde já estavam os governadores, Palocci reclamou:
-Aécio, você pegou pesado!
O mineiro ia se explicar quando o ministro, rindo, emendou:
-Pegou pesado com Fernando Henrique, que foi um grande centralizador de recursos!
Os passageiros caíram no riso.


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