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ELEIÇÕES 2006
Ex-policial diz que ex-governador de MT usou verba de caixa 2 em campanha
Arcanjo acusa tucano em depoimento
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
O ex-policial civil João Arcanjo
Ribeiro, 55, conhecido como o
"comendador", afirmou ontem à
Polícia Federal -no inquérito sobre suposto caixa dois do PSDB-
que Dante de Oliveira, ex-governador tucano de Mato Grosso, pegou dinheiro emprestado de sua
empresa de factoring para cobrir
gastos de campanhas eleitorais
"na forma como foi narrada por
Nilson Roberto Teixeira [o ex-gerente de Arcanjo]".
Teixeira narrou à PF no início
de abril o que já havia dito à Justiça em 2003: Dante pegou dinheiro
da Confiança Factoring, a empresa de Arcanjo, e pagou a dívida
com cheques do Dvop (antigo órgão de obras públicas do governo
tucano de 1995 a 2002). Assim, teria ocorrido desvio de dinheiro
público para bancar a campanha
de 1998 e débitos ainda de 1994.
Segundo a Justiça Federal de
Mato Grosso, a Confiança Factoring recebeu do Dvop R$
8.332.775,21 de janeiro de 1998 a
fevereiro de 2003.
A PF tomou o depoimento de
Arcanjo ontem, no presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, onde ele
está preso desde março.
Por determinação da Justiça Federal, a PF investiga também as
do senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MT), que perdeu o governo de Mato Grosso em 2002.
Segundo o delegado federal
Tony Barbosa de Castro, que ouviu Arcanjo, outra pessoa cuida
do inquérito sobre a campanha de
Antero e, por isso, não teria havido perguntas sobre o senador.
"Ele mencionou Antero como
um velho conhecido", disse, após
o depoimento, o advogado Zaid
Arbid, que defende Arcanjo. Segundo ele, Teixeira era procurado
quando o empréstimo era menor.
Para quantias maiores, a conversa
era com o "comendador".
"Eu sei que ele falou que na última eleição [de 2002] ele recebeu
um candidato majoritário em sua
fazenda. E esse candidato, inclusive, estava de chapéu. Ele não deu
o nome", relatou o advogado.
Arcanjo afirmou ainda à PF que
não participou da negociação de
empréstimos com Dante. Segundo ele, os coordenadores de campanha do tucano à época, Carlos
Avalone e José Carlos Novelli, discutiam o assunto com Teixeira.
Novelli, atual presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso,
foi diretor do Dvop, órgão de onde teria saído dinheiro para cobrir
os empréstimos de campanha.
Ainda no depoimento, Arcanjo
afirmou que os deputados Humberto Bosaipo (PL) e José Riva
(PP) desviaram por meio da factoring dinheiro da Assembléia Legislativa de Mato Grosso.
Segundo o Banco Central, a Assembléia depositou na conta da
factoring R$ 80,7 milhões. Parte
teria sido repassada a empresas
fantasmas e campanhas eleitorais,
conforme o Ministério Público.
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