São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006

Ex-policial diz que ex-governador de MT usou verba de caixa 2 em campanha

Arcanjo acusa tucano em depoimento

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

O ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 55, conhecido como o "comendador", afirmou ontem à Polícia Federal -no inquérito sobre suposto caixa dois do PSDB- que Dante de Oliveira, ex-governador tucano de Mato Grosso, pegou dinheiro emprestado de sua empresa de factoring para cobrir gastos de campanhas eleitorais "na forma como foi narrada por Nilson Roberto Teixeira [o ex-gerente de Arcanjo]".
Teixeira narrou à PF no início de abril o que já havia dito à Justiça em 2003: Dante pegou dinheiro da Confiança Factoring, a empresa de Arcanjo, e pagou a dívida com cheques do Dvop (antigo órgão de obras públicas do governo tucano de 1995 a 2002). Assim, teria ocorrido desvio de dinheiro público para bancar a campanha de 1998 e débitos ainda de 1994.
Segundo a Justiça Federal de Mato Grosso, a Confiança Factoring recebeu do Dvop R$ 8.332.775,21 de janeiro de 1998 a fevereiro de 2003.
A PF tomou o depoimento de Arcanjo ontem, no presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, onde ele está preso desde março.
Por determinação da Justiça Federal, a PF investiga também as do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que perdeu o governo de Mato Grosso em 2002.
Segundo o delegado federal Tony Barbosa de Castro, que ouviu Arcanjo, outra pessoa cuida do inquérito sobre a campanha de Antero e, por isso, não teria havido perguntas sobre o senador.
"Ele mencionou Antero como um velho conhecido", disse, após o depoimento, o advogado Zaid Arbid, que defende Arcanjo. Segundo ele, Teixeira era procurado quando o empréstimo era menor. Para quantias maiores, a conversa era com o "comendador".
"Eu sei que ele falou que na última eleição [de 2002] ele recebeu um candidato majoritário em sua fazenda. E esse candidato, inclusive, estava de chapéu. Ele não deu o nome", relatou o advogado.
Arcanjo afirmou ainda à PF que não participou da negociação de empréstimos com Dante. Segundo ele, os coordenadores de campanha do tucano à época, Carlos Avalone e José Carlos Novelli, discutiam o assunto com Teixeira. Novelli, atual presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso, foi diretor do Dvop, órgão de onde teria saído dinheiro para cobrir os empréstimos de campanha.
Ainda no depoimento, Arcanjo afirmou que os deputados Humberto Bosaipo (PL) e José Riva (PP) desviaram por meio da factoring dinheiro da Assembléia Legislativa de Mato Grosso.
Segundo o Banco Central, a Assembléia depositou na conta da factoring R$ 80,7 milhões. Parte teria sido repassada a empresas fantasmas e campanhas eleitorais, conforme o Ministério Público.


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