São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Pré-candidato quer supervisão internacional nas eleições e direito de resposta na imprensa

Garotinho reage a denúncias com anúncio de greve de fome

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Em resposta às denúncias que vêm abalando sua pré-candidatura à Presidência, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho decidiu iniciar ontem uma greve de fome. O anúncio foi feito às 17h15, quando Garotinho leu para a imprensa, na sede fluminense do PMDB, um documento intitulado "À Nação Brasileira".
"Não destruirão a minha honra e minha vida dedicada ao povo brasileiro com suas mentiras. Ao contrário, ofereço o meu sacrifício para que o povo brasileiro conheça a verdadeira face de seus exploradores", leu Garotinho, que classificou a greve "como último recurso em defesa da verdade que tem sido escamoteada".
Para interromper a greve, ele faz duas exigências: "que seja instituída uma supervisão internacional no processo político-eleitoral brasileiro, assegurando a igualdade de tratamento a todos os candidatos, com acompanhamento de instituições nacionais que tradicionalmente defendem a democracia"; e "que os veículos de comunicação que nos caluniam cedam o mesmo espaço para que a população possa conhecer a verdade dos fatos".
Garotinho não respondeu a perguntas para explicar o que pretende exatamente com os pedidos.
"O sistema financeiro, os bancos e a grande mídia, liderada pelas Organizações Globo e pela revista "Veja" -com o indisfarçável patrocínio do governo Lula- mentem e não me dão o direito de defesa", disse ele.

Denúncias
No fim de semana, a revista "Veja" mostrou que Garotinho usou duas vezes um jatinho que pertenceu a João Arcanjo Ribeiro, condenado a 37 anos por formação de quadrilha e apontando como o chefe do crime organizado no Mato Grosso.
Na semana passada, reportagens da Folha e de "O Globo" revelaram que, entre as empresas anunciadas por Garotinho como doadoras à sua pré-campanha, estão ONGs contratadas sem licitação pelo governo do Estado, comandado por sua mulher, Rosinha Matheus. Uma delas teve como sócio um presidiário. Há também empresas sem sede.
Ontem, Garotinho marcou uma entrevista coletiva para as 16h. Só chegou ao diretório regional do PMDB -do qual é presidente- uma hora e 15 minutos depois. Assessores insinuavam que seu discurso seria forte.
Ele leu seu texto ao lado de Rosinha, cabisbaixa. No auditório também estava sua filha Clarissa Matheus, presidente da Juventude do PMDB no Rio.
Garotinho seguiu com elas para a sala da presidência regional do partido, onde fará a greve. Sua assessoria organizou a entrada de fotógrafos e câmeras, que puderam fazer imagens da família. A geladeira ficou aberta para que se pudesse ver que havia apenas garrafas de água mineral.
A sala, de 15 metros quadrados, tem um banheiro, um sofá, um sofá-cama, uma poltrona, uma TV de 20 polegadas e uma mesa com um computador.
A assessoria informou que a imprensa poderá fazer plantão na sede do PMDB para acompanhar a greve; que a página do ex-governador na internet será atualizada com informações sobre o jejum; e que haverá um "comitê de vigília", formado por amigos e familiares, auxiliando Garotinho na jornada. Também haverá acompanhamento médico.
No documento que leu, Garotinho diz que está sendo alvo de "uma campanha mentirosa e sórdida" e que suas "posições cristãs e éticas" vêm sendo ridicularizadas. Ele é evangélico.
Segundo a Bíblia, o jejum não deve ser feito em público: "Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará".


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