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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Pré-candidato quer supervisão internacional nas eleições e direito de resposta na imprensa
Garotinho reage a denúncias com anúncio de greve de fome
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Em resposta às denúncias que
vêm abalando sua pré-candidatura à Presidência, o ex-governador
do Rio Anthony Garotinho decidiu iniciar ontem uma greve de
fome. O anúncio foi feito às 17h15,
quando Garotinho leu para a imprensa, na sede fluminense do
PMDB, um documento intitulado
"À Nação Brasileira".
"Não destruirão a minha honra
e minha vida dedicada ao povo
brasileiro com suas mentiras. Ao
contrário, ofereço o meu sacrifício para que o povo brasileiro conheça a verdadeira face de seus
exploradores", leu Garotinho,
que classificou a greve "como último recurso em defesa da verdade
que tem sido escamoteada".
Para interromper a greve, ele faz
duas exigências: "que seja instituída uma supervisão internacional no processo político-eleitoral
brasileiro, assegurando a igualdade de tratamento a todos os candidatos, com acompanhamento
de instituições nacionais que tradicionalmente defendem a democracia"; e "que os veículos de comunicação que nos caluniam cedam o mesmo espaço para que a
população possa conhecer a verdade dos fatos".
Garotinho não respondeu a perguntas para explicar o que pretende exatamente com os pedidos.
"O sistema financeiro, os bancos e a grande mídia, liderada pelas Organizações Globo e pela revista "Veja" -com o indisfarçável
patrocínio do governo Lula-
mentem e não me dão o direito de
defesa", disse ele.
Denúncias
No fim de semana, a revista
"Veja" mostrou que Garotinho
usou duas vezes um jatinho que
pertenceu a João Arcanjo Ribeiro,
condenado a 37 anos por formação de quadrilha e apontando como o chefe do crime organizado
no Mato Grosso.
Na semana passada, reportagens da Folha e de "O Globo" revelaram que, entre as empresas
anunciadas por Garotinho como
doadoras à sua pré-campanha,
estão ONGs contratadas sem licitação pelo governo do Estado, comandado por sua mulher, Rosinha Matheus. Uma delas teve como sócio um presidiário. Há também empresas sem sede.
Ontem, Garotinho marcou uma
entrevista coletiva para as 16h. Só
chegou ao diretório regional do
PMDB -do qual é presidente-
uma hora e 15 minutos depois.
Assessores insinuavam que seu
discurso seria forte.
Ele leu seu texto ao lado de Rosinha, cabisbaixa. No auditório
também estava sua filha Clarissa
Matheus, presidente da Juventude do PMDB no Rio.
Garotinho seguiu com elas para
a sala da presidência regional do
partido, onde fará a greve. Sua assessoria organizou a entrada de
fotógrafos e câmeras, que puderam fazer imagens da família. A
geladeira ficou aberta para que se
pudesse ver que havia apenas garrafas de água mineral.
A sala, de 15 metros quadrados,
tem um banheiro, um sofá, um
sofá-cama, uma poltrona, uma
TV de 20 polegadas e uma mesa
com um computador.
A assessoria informou que a imprensa poderá fazer plantão na
sede do PMDB para acompanhar
a greve; que a página do ex-governador na internet será atualizada
com informações sobre o jejum; e
que haverá um "comitê de vigília", formado por amigos e familiares, auxiliando Garotinho na
jornada. Também haverá acompanhamento médico.
No documento que leu, Garotinho diz que está sendo alvo de
"uma campanha mentirosa e sórdida" e que suas "posições cristãs
e éticas" vêm sendo ridicularizadas. Ele é evangélico.
Segundo a Bíblia, o jejum não
deve ser feito em público: "Tu, porém, quando jejuares, unge a tua
cabeça, e lava o teu rosto, para não
mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará".
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