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Campanha à Presidência "quebra" PT e PSDB
Dívidas de petistas e tucanos com a eleição de 2006 foram, respectivamente, de R$ 4,12 milhões e R$ 17,8 milhões
Empreiteira foi principal doadora a tucanos; PT, que acumula dívida de R$ 47 bi, pede mais tempo ao TSE para informar doadores
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O esforço em conquistar a
Presidência da República foi
grande demais para os dois
principais concorrentes ao cargo no ano passado, PT e PSDB.
Ambos saíram quebrados de
2006, com dívidas milionárias,
segundo as prestações de contas dos partidos entregues ontem à Justiça Eleitoral.
Com um buraco de R$ 4,12
milhões no ano passado, o PT
aprofundou os problemas financeiros que tem desde que o
ex-tesoureiro Delúbio Soares
montou o esquema irregular de
financiamento que ficou conhecido como valerioduto. O
PSDB, derrotado na eleição, fechou com déficit ainda maior,
de R$ 17,8 milhões. Segundo a
assessoria de imprensa do partido, essa é a única dívida.
Doadores
O PT, alegando dificuldades
com o software criado pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral),
entregou apenas um resumo
das contas, deixando de fora informações importantes como a
lista de doadores.
Muitas dessas doações acabaram irrigando indiretamente
os cofres do comitê de Luiz Inácio Lula da Silva e não constaram da prestação exclusiva da
campanha, apresentada no ano
passado.
Para o PT, não adiantou a arrecadação recorde de R$ 77,24
milhões, dos quais R$ 43,23 milhões em doações, a grande
maioria de pessoas jurídicas. As
despesas acabaram sendo de
R$ 81,36 milhões, dos quais R$
45,63 milhões (56%) exclusivamente para fins eleitorais.
O PT não especifica quanto
desse montante destinou-se à
campanha de Lula, mas é uma
quantia expressiva. No final da
campanha, o partido teve de
engolir, por exemplo, uma dívida de quase R$ 11 milhões do
candidato com gráficas, quebrando a promessa de nunca
mais misturar suas finanças
próprias com as de campanhas
-como fazia Delúbio Soares.
Insolvência
O déficit em 2006 contribuiu
para a situação de insolvência
nas finanças partidárias. O buraco petista acumulado agora é
de R$ 47,43 milhões, mais do
que o triplo dos ativos declarados pelo partido, de R$ 14,63
milhões.
A dívida em 2006 foi praticamente a mesma de 2005, que ficou em R$ 46,6 milhões, apesar
da política de cinto apertado
imposta pelo tesoureiro do partido, Paulo Ferreira. O PT havia
anunciado a intenção de zerar a
dívida em dezembro de 2006.
A candidatura presidencial
anulou todo o esforço de contenção de despesas de um ano.
Ferreira não foi localizado ontem pela Folha.
Na documentação entregue à
Justiça, o PT afirma que não
pôde entregar os dados completos "em face dos erros, falhas e limitações operacionais
do programa do TSE".
O partido deve pedir mais
tempo à Justiça para completar
a declaração, mas não especifica quanto. No limite, o PT pode
ver seqüestrada parcela do
Fundo Partidário como punição, o que agravaria ainda mais
sua situação financeira.
Os demais grandes partidos
entregaram completa a declaração à TSE, em parte porque o
órgão permitiu que o modelo
antigo acabasse sendo usado.
Os tucanos registraram receita de R$ 37,26 milhões em
2006, dos quais R$ 14,77 milhões (39%) de doações. As despesas ficaram em R$ 55,06 milhões, o que gerou um déficit de
R$ 17,8 milhões. Apenas em
despesas eleitorais foram R$
41,56 milhões.
O PSDB registrou a maior
parte de suas doações entre
empresas da área de infra-estrutura, muitas com gordos
contratos com o governo federal. A empreiteira Camargo
Corrêa deu R$ 3,85 milhões, seguida pela Andrade Gutierrez,
com R$ 3,1 milhões.
Sócios dos tucanos na frustrada tentativa de eleger Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, os Democratas (ex-pefelistas) saíram com menos arranhões das urnas.
O DEM terminou 2006 com
saldo de R$ 1,99 milhão e cofre
cheio de doações de empreiteiras. As duas empreiteiras que
mais deram para o partido são
as mesmas que lideraram as
contribuições para os tucanos.
No caso dos ex-pefelistas, a Andrade Gutierrez ficou em primeiro, com R$ 2,8 milhões de
doação, enquanto a Camargo
Correa deu R$ 1,5 milhão.
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