São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

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Campanha à Presidência "quebra" PT e PSDB

Dívidas de petistas e tucanos com a eleição de 2006 foram, respectivamente, de R$ 4,12 milhões e R$ 17,8 milhões

Empreiteira foi principal doadora a tucanos; PT, que acumula dívida de R$ 47 bi, pede mais tempo ao TSE para informar doadores

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O esforço em conquistar a Presidência da República foi grande demais para os dois principais concorrentes ao cargo no ano passado, PT e PSDB.
Ambos saíram quebrados de 2006, com dívidas milionárias, segundo as prestações de contas dos partidos entregues ontem à Justiça Eleitoral.
Com um buraco de R$ 4,12 milhões no ano passado, o PT aprofundou os problemas financeiros que tem desde que o ex-tesoureiro Delúbio Soares montou o esquema irregular de financiamento que ficou conhecido como valerioduto. O PSDB, derrotado na eleição, fechou com déficit ainda maior, de R$ 17,8 milhões. Segundo a assessoria de imprensa do partido, essa é a única dívida.

Doadores
O PT, alegando dificuldades com o software criado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), entregou apenas um resumo das contas, deixando de fora informações importantes como a lista de doadores.
Muitas dessas doações acabaram irrigando indiretamente os cofres do comitê de Luiz Inácio Lula da Silva e não constaram da prestação exclusiva da campanha, apresentada no ano passado.
Para o PT, não adiantou a arrecadação recorde de R$ 77,24 milhões, dos quais R$ 43,23 milhões em doações, a grande maioria de pessoas jurídicas. As despesas acabaram sendo de R$ 81,36 milhões, dos quais R$ 45,63 milhões (56%) exclusivamente para fins eleitorais.
O PT não especifica quanto desse montante destinou-se à campanha de Lula, mas é uma quantia expressiva. No final da campanha, o partido teve de engolir, por exemplo, uma dívida de quase R$ 11 milhões do candidato com gráficas, quebrando a promessa de nunca mais misturar suas finanças próprias com as de campanhas -como fazia Delúbio Soares.

Insolvência
O déficit em 2006 contribuiu para a situação de insolvência nas finanças partidárias. O buraco petista acumulado agora é de R$ 47,43 milhões, mais do que o triplo dos ativos declarados pelo partido, de R$ 14,63 milhões.
A dívida em 2006 foi praticamente a mesma de 2005, que ficou em R$ 46,6 milhões, apesar da política de cinto apertado imposta pelo tesoureiro do partido, Paulo Ferreira. O PT havia anunciado a intenção de zerar a dívida em dezembro de 2006.
A candidatura presidencial anulou todo o esforço de contenção de despesas de um ano. Ferreira não foi localizado ontem pela Folha.
Na documentação entregue à Justiça, o PT afirma que não pôde entregar os dados completos "em face dos erros, falhas e limitações operacionais do programa do TSE".
O partido deve pedir mais tempo à Justiça para completar a declaração, mas não especifica quanto. No limite, o PT pode ver seqüestrada parcela do Fundo Partidário como punição, o que agravaria ainda mais sua situação financeira.
Os demais grandes partidos entregaram completa a declaração à TSE, em parte porque o órgão permitiu que o modelo antigo acabasse sendo usado.
Os tucanos registraram receita de R$ 37,26 milhões em 2006, dos quais R$ 14,77 milhões (39%) de doações. As despesas ficaram em R$ 55,06 milhões, o que gerou um déficit de R$ 17,8 milhões. Apenas em despesas eleitorais foram R$ 41,56 milhões.
O PSDB registrou a maior parte de suas doações entre empresas da área de infra-estrutura, muitas com gordos contratos com o governo federal. A empreiteira Camargo Corrêa deu R$ 3,85 milhões, seguida pela Andrade Gutierrez, com R$ 3,1 milhões.
Sócios dos tucanos na frustrada tentativa de eleger Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, os Democratas (ex-pefelistas) saíram com menos arranhões das urnas.
O DEM terminou 2006 com saldo de R$ 1,99 milhão e cofre cheio de doações de empreiteiras. As duas empreiteiras que mais deram para o partido são as mesmas que lideraram as contribuições para os tucanos. No caso dos ex-pefelistas, a Andrade Gutierrez ficou em primeiro, com R$ 2,8 milhões de doação, enquanto a Camargo Correa deu R$ 1,5 milhão.


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