São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Comissão propõe a governos mais ênfase na prevenção contra drogas

Para grupo que reúne ex-presidentes, ações de repressão não são suficientes

DA SUCURSAL DO RIO

Ênfase dos governos na prevenção ao uso de drogas e em projetos educativos, e não na repressão simples ao plantio e ao tráfico, é a proposta feita ontem no Rio pelos membros da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia.
Idealizada pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil), César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México), a comissão internacional também é formada por acadêmicos, jornalistas, políticos e escritores.
A comissão não preparou documentos com as conclusões do encontro de ontem. Haverá ainda, até fevereiro do ano que vem, mais duas reuniões. Ao final delas, será produzido um relatório com as propostas do grupo, a ser encaminhado à ONU (Organização das Nações Unidas), que realiza na Áustria, em março, um encontro internacional sobre drogas.
Para Fernando Henrique Cardoso, dar mais importância a medidas preventivas do que a repressivas não significa que a comissão tenda a se manifestar pela liberalização de drogas consideradas mais leves, como a maconha.
"Não temos a mesma capacidade repressiva que têm os Estados Unidos. Então, precisamos, sem desfazer da importância do controle, buscar alternativas", disse.
O ex-presidente brasileiro defende que as autoridades e a sociedade civil dos países latino-americanos comecem a discutir a questão do consumo "abertamente".
"Enquanto nos EUA o consumo está estagnado, aqui está aumentando. Só isso mostra que há diferenças. A questão do consumo não vai ser resolvida se as famílias não participarem da discussão, se as escolas não participarem, se as empresas não participarem", afirmou.

Consumo
Presidente da Colômbia de 1990 a 1994, Cesar Gaviria disse que, na América Latina, considera o problema do consumo o mais importante dos relacionado à temática das drogas.
"Não temos a capacidade repressiva nem os recursos que há no mundo desenvolvido para enfrentar esses problemas. Temos grandes desafios para nossas democracias. É evidente que o narcotráfico está deformando e causando danos aos sistemas judiciais, aos sistemas carcerários, aos sistemas policiais. Temos enorme quantidade de problemas e precisamos encontrar respostas", afirmou.
Também participaram do encontro da comissão representantes da Argentina, Bolívia e Costa Rica. Paulo Coelho, Vargas Llosa e o escritor argentino Tomás Eloy Martinez não participaram, embora integrem o grupo. O ex-presidente Zedillo fez um pronunciamento na abertura por sistema de videoconferência.
Estiveram presentes, entre outros, o ex-prefeito de Bogotá Antanas Mockus, o jornalista João Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações Globo) e o general Alberto Cardoso, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso. (SERGIO TORRES)


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