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TÍTULOS SOB SUSPEITA
Corretora investigada pela CPI dos Precatórios depositou R$ 35,96 mil na conta de Prisco Paraíso
Assessor de Paulo Afonso recebeu da Fator
da Sucursal de Brasília
O secretário
da Fazenda de
Santa Catarina,
Paulo Prisco Paraíso, recebeu
no ano passado,
quando era assessor direto do
governador Paulo Afonso Vieira,
R$ 35,96 mil em cheques da corretora Fator, integrante da cadeia de
negociações com títulos investigada pela CPI dos Precatórios.
As cópias dos cheques foram divulgadas pela CPI, que começou
ontem a analisar os primeiros dados resultantes da quebra do sigilo
bancário, telefônico e fiscal de secretários estaduais da Fazenda.
Prisco Paraíso recebeu pouco
menos da metade do lucro obtido
pelo Banco Fator (controlador da
corretora) em operações de compra e venda de títulos de Santa Catarina, de R$ 72,83 mil.
Os cheques foram depositados
nos dias 31 de outubro (R$ 11,61
mil) e 1º de novembro de 1996 (R$
24,35 mil). Os títulos do Estado haviam sido negociados pela ``cadeia
da felicidade'' pouco antes, nos
dias 24 e 29 de outubro.
Na época, a principal função de
Prisco Paraíso no governo catarinense era captar recursos para o
Estado. Ele foi o principal articulador da emissão de títulos com o
alegado objetivo de pagar precatórios (dívidas judiciais).
``É o primeiro deslize de uma série de operações que foram muito
bem montadas'', disse o senador
Vilson Kleinubing (PFL-SC), ao
comentar a descoberta.
Kleinubing evitou se referir aos
cheques como ``provas'' de envolvimento do secretário. ``É uma situação estranha que precisa ser explicada. Pode ser coincidência. Ele
(Paraíso) pode dizer que prestou
assessoria para o Fator no intervalo de seu trabalho'', disse o relator
da CPI, Roberto Requião.
Requião afirmou ainda que os
cheques serão encaminhados à
CPI da Assembléia Legislativa catarinense, que também investiga
irregularidades com os títulos.
Com minoria na Assembléia, o
governador Paulo Afonso está sob
a ameaça de um impeachment.
A quebra do sigilo do secretário
revelou que parte do dinheiro recebido do Fator foi repassado para
uma agência de turismo de Florianópolis, a Ilhatur. Um cheque de
R$ 19,79 mil foi emitido para a
agência no dia 19 de dezembro.
Requião afirmou ontem que seu
relatório parcial -com as denúncias sobre irregularidades cometidas por governadores, prefeitos e
secretários- ficará pronto somente entre os dias 25 e 30.
Os capítulos referentes a cada Estado e município investigado serão
discutidos em reuniões fechadas
da comissão e só então enviados
para os governadores e prefeitos,
que terão prazo para contestar as
denúncias.
(DANIEL BRAMATTI, OSWALDO BUARIM JR. e ALEX RIBEIRO)
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